segunda-feira, 2 de janeiro de 2017



02 de janeiro de 2017 | N° 18730
EDITORIAL

Os novos prefeitos e os cofres vazios

Com poucas exceções, prefeitos e vereadores que assumiram ontem o seu mandato passam a conviver de imediato com um cenário ainda mais adverso do que o enfrentado pelos administradores municipais no último ano. A situação é particularmente desafiadora para os novos gestores de municípios de médio e grande porte. 

Em sua maioria, os administradores dessas cidades assumem com promessas de cortes para conseguir ajustar receitas às despesas e, assim, cumprir os compromissos com os servidores e fornecedores, com a dívida e com a manutenção de serviços essenciais. O quadro se agrava pelo fato de que, com a aprovação da PEC definindo um teto de gastos do governo federal, as prefeituras passarão a contar cada vez menos com o socorro de Brasília.

Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que a falta de recursos em caixa vai atingir quase metade dos novos prefeitos em todo o país. Nada menos de 47,3% de seus antecessores que responderam ao estudo acabaram deixando restos a pagar para quem assume agora, e 15% deles admitiram atraso no pagamento dos salários de dezembro. Além disso, dezenas de prefeituras estão em situação de calamidade financeira. Em consequência, os novos gestores já tomam posse sob aperto e com preocupações imediatas, que vão exigir sacrifícios tanto dos administradores municipais quanto dos legisladores, até agora pouco preocupados com a contenção de gastos.

Essa situação dramática sob o ponto de vista financeiro – preocupante inclusive para prefeitos que lutaram pela reeleição – ajuda a explicar o fato de as cerimônias de posse terem sido marcadas mais por compromissos de ajuste fiscal e redução da máquina administrativa do que de projetos concretos em favor dos munícipes. 

Os novos prefeitos não têm mais como operar com estruturas burocráticas pesadas nem com excessos na folha salarial, pois faltam recursos para bancar o que, até recentemente, era encarado como normal. Em muitos casos, os cortes não serão suficientes, obrigando-os a inovar para reduzir as despesas, recorrendo principalmente às novas tecnologias.

Os gestores precisam ajustar logo as contas das prefeituras para que possam começar a atender o mais rápido possível aos compromissos assumidos com os munícipes. Diante desta realidade, os municípios têm muito a contribuir para ajudar o país a sair da crise.