segunda-feira, 4 de setembro de 2017


04 DE SETEMBRO DE 2017
CINEMA

Clima quente na Guerra Fria


CHARLIZE THERON ESTÁ mais linda do que nunca no filmede espionagem Atômica e briga como poucas vezes se viu

Atômica vem para dar corpo a uma espécie de novo subgênero dos filmes de ação: aqueles dirigidos por ex-dublês, que parecem saber o que é necessário para rodar cenas visualmente impressionantes.

Quando o também dublê Chad Stahelski dirigiu De Volta ao Jogo (2014), com Keanu Reeves no papel do assassino profissional John Wick, convidou David Leitch para ajudá-lo em algumas cenas. Leitch tomou rumo próprio. Escolheu um quadrinho ambientado no fim da Guerra Fria, The Coldest City, para colocar Charlize Theron como um John Wick de saias curtas e decotes provocantes.

A atriz vive Lorraine Broughton, agente inglesa mandada para Berlim na semana da queda do Muro, em 1989. No meio das manifestações políticas, ela precisa localizar um espião russo que tem em seu poder uma lista de agentes ocidentais. Para ajudá-la, conta com um espião inglês em Berlim (James McAvoy) e uma misteriosa agente francesa (Sofia Boutella).

Logo depois de desembarcar em Berlim, Lorraine cai numa cilada e começar a abrir caminho a tiros, socos e pontapés. Aí o diretor faz a diferença. As lutas são coreografadas com impressionante simulação de violência. Às vezes não tão simuladas, já que Charlize quebrou dois dentes nas filmagens. Poucas vezes na tela uma heroína foi vista brigando tanto e apanhando bastante. Quando a ação se aproxima do final, a personagem está coberta de manchas roxas, inchaços e cortes no rosto. Por isso, é bom apreciar a primeira parte do filme, quando a atriz sul-africana exibe sua beleza ímpar na tela. Charlize é bonita de doer, e sua legião de fãs terá muitas recordações das cenas lésbicas dela com Sofia Boutella, de alta octanagem.

A trama? Bem, o velho jogo de verdades e mentiras dos filmes de espiões. O roteiro melhora a história original, que não é lá essas coisas. E capricha na solução final, que, embora um tanto óbvia, tem algum vigor. Para quem gosta de filmes de ação, Atômica é uma delícia. 

Brigas ótimas, personagens dentro de um limite razoável dos clichês do gênero e, principalmente, uma mocinha com todas as condições de disparar uma franquia de sucesso. Acima de tudo, tem Charlize, cada vez mais um nome forte do cinema aventureiro depois de Mad Max - A Estrada da Fúria e Velozes e Furiosos 8. Para tirar o fôlego de um homem, a agente de Atômica pode dar uma joelhada em sua barriga. Para nocautear o espectador, Charlize Theron só precisa sorrir.

THALES DE MENEZES