segunda-feira, 13 de novembro de 2017



13 DE NOVEMBRO DE 2017
SHOW - VANESSA SCALEI

Coldplay

fez a mágica

público que lotou a Arena para assistir ao primeiro show da banda em Porto Alegre saiu extasiado com o impacto visual e musical da experiência

Mais do que um show impecável, o Coldplay proporcionou uma experiência única para as quase 60 mil pessoas que lotaram a Arena do Grêmio na noite de sábado. Em sua primeira visita a Porto Alegre, o quarteto britânico fez um espetáculo musical e, principalmente, visual, proporcionando uma noite mágica no encerramento da etapa brasileira da turnê A Head Full of Dreams.

O relógio marcava 21h15min quando os primeiros acordes da ária O Mio Babbino Caro, na voz de Maria Callas, anunciaram que o show tão esperado pelos fãs estava prestes a começar. Em seguida, as pulseiras entregues ao público na entrada se iluminaram para a chegada do quarteto ao palco. A Head Full of Dreams abriu o show, que duraria duas horas e 10 minutos.

Um entusiasmado e carismático Chris Martin empolgou o público desde o início. Logo após cantar Yellow, um dos primeiros hits do grupo, o vocalista agradeceu em português a presença de todos.

- Boa noite, gaúchos! Estamos muito, muito felizes de estarmos aqui em Porto Alegre - disse Martin, para delírio do público, que vibrou ainda mais quando o cantor abriu uma bandeira do Rio Grande do Sul e a estendeu sobre o microfone, após cantar Every Teardrop Is a Waterfall.

A interação com a plateia foi uma das marcas da apresentação. Além da energia no palco - ele corre de um lado ao outro o tempo todo - e muito bem-humorado, Martin esforçou-se para falar um pouco mais de português. E, quando seu conhecimento da língua chegou ao limite, ainda pediu desculpas por ter que se expressar em inglês. De fato, o propagado bom-mocismo do músico é levado ao pé da letra em todos os sentidos. Martin aproveitou também para declarar-se ao país.

- Já passamos por muitos lugares nesses 20 anos de banda. Mas aqui no Brasil é sempre tão sensacional que dá vontade de nos mudarmos para cá - afirmou, logo depois de se desculpar pelos altos preços dos ingressos.

Com um setlist muito semelhante ao apresentado nos dois shows feitos em São Paulo, o espetáculo de Porto Alegre teve um apanhado dos maiores hits da carreira da banda. The Scientist, Paradise, Magic, Charlie Brown, Viva la Vida e Adventure of a Lifetime, entre outras, foram cantadas em coro com as milhares de pessoas que lotavam a Arena. O público ainda pôde conferir o baterista Will Champion assumindo os vocais em In My Place e ouvir uma música com acordes de Bossa Nova e letra que homenageava Porto Alegre - tocada com a participação do DJ e produtor Jon Hopkins. E também teve a nova Life Is Beautiful, inspirada em cânticos das torcidas em estádios.

Sem dúvida, o show é todo pensado para que os fãs vivam uma experiência diferenciada. Pirotecnia, muitas chuvas de papel picado, bolas gigantes e as pulseiras luminosas foram recursos utilizados para o espetáculo visual. Além disso, o Coldplay também se preocupa em democratizar a apresentação e incluiu dois palcos extras instalados mais próximos da pista comum e das arquibancadas. Assim, todos os presentes puderam ver o quarteto mais de perto.

Arrisco dizer que Chris Martin, Jonny Buckland, Will Champion e Guy Berryman fizeram um dos melhores shows que Porto Alegre já viu nos últimos anos. E não é preciso ser um grande fã de Coldplay para reconhecer isso. Os quatro se esforçam para entregar uma verdadeira experiência ao público e mostraram em solo gaúcho que a fase intimista já é passado. Hoje, eles estão entre os grandes nomes da música mundial - e não é por acaso.

SETLIST

Abertura: O Mio Babbino Caro (Maria Callas)

-1. A Head Full of Dreams

-2. Yellow

-3. Every Teardrop Is a Waterfall

-4. The Scientist

-5. Birds

-6. Paradise

No palco B

-7. Always in My Head

-8. Magic

-9. Everglow

Volta ao palco principal

-10. Clocks

-11. Midnight

-12. Charlie Brown

-13. Hymn for the Weekend

-14. Fix You

-15. Viva la Vida

-16. Adventure of a Lifetime

-17. Amazing Day

No palco C

-18. Kaleidoscope (Parte 1: The Guest House)

-19. Don?t Panic

-20. In My Place (acústico)

-21. Porto Alegre Song

-22. Kaleidoscope (Parte 2: Amazing Grace)

Volta ao palco principal

-23. Life Is Beautiful

-24. Something Just Like This

-25. A Sky Full of Stars

-26. Up&Up

Abertura com brilho próprio

O público que chegou cedo à Arena no sábado pôde conhecer de perto um dos novos fenômenos da música pop. A britânica Dua Lipa, de 22 anos, mostrou atitude e empolgou com seu pop dançante.

Famosa pelo single New Rules, a jovem cantora de origem albanesa apresentou músicas do seu álbum de estreia, lançado em junho. Ao cair da noite, por volta das 19h45min, abriu o show com Hotter than Hell e seguiu com Dreams, No Lie e Lost in Your Light.

Se para muitos esse foi o primeiro contato com Dua Lipa, alguns já eram fãs e foram à Arena principalmente para vê-la. A cantora saiu-se bem diante do público. Interagiu, agradeceu ao Brasil e a Porto Alegre, dançou muito e cantou. A banda que a acompanha é um dos pontos positivos da sua apresentação, que teve algumas falhas no som, mas nada que comprometesse o todo.

Antes de seguir para a trinca explosiva que fecharia a performance, Dua Lipa ainda passou pelas suas baladas, como IDGAF e Genesis. Mas foi com a sequência de Blow Your Mind (Mwah), Be the One e New Rules que o público deu show. Luzes de celulares iluminaram a Arena para que a cantora brilhasse no palco.

Dua Lipa aproveitou a sua passagem pelo Estado para turistar. Em sua conta no Instagram, postou uma foto em uma visita pelo Mercado Público de Porto Alegre, que em poucas horas contabilizava mais de 600 mil curtidas e 8 mil comentários, vários deles em português.

E ainda teve o Stories bem-humorado com uma nova palavra que ela aprendeu por aqui: "boy lixo", mostrou ela numa montagem com uma lata de lixo. Pelo visto, Dua Lipa divertiu-se bastante em Porto Alegre.

Show reuniu fãs de diferentes idades e origens

O Coldplay transformou a Arena do Grêmio em ponto de encontro de fãs de diferentes lugares e idades. A primeira passagem da banda inglesa por Porto Alegre reuniu quase 60 mil pessoas no estádio gremista, em evento com abertura da gaúcha Tati Portella e da sensação pop internacional Dua Lipa.

Ainda que a banda não tenha o mesmo tempo de estrada dos compatriotas Paul McCartney e The Who, que também passaram por Porto Alegre nos últimos meses, o show foi uma oportunidade de aproximar pais e filhos pelo gosto musical em comum. Foi o caso da família Siliprandi. Moradores da cidade de Santa Rosa, Fábio e Lis foram à Arena com a filha Luísa, de 22 anos.

-Não costumamos vir em muitos shows juntos, mas quisemos vir nesse - conta Fábio, que garante que o casal gosta mais da banda do que a filha.

Acostumado a receber visitantes internacionais ao longo da campanha gremista na Libertadores, o estádio tricolor se coloriu com bandeiras das mais diversas nacionalidades. A do Paraguai - ou pelo menos a que encontramos - foi trazida pelos amigos Juan Vera e Samy Annahas. Os dois amigos já estiveram no Brasil antes em outras ocasiões, mas garantem que vir para assistir ao espetáculo de uma das bandas favoritas da dupla com certeza tem um gosto especial.

- Já conhecemos São Paulo. Então escolhemos assistir ao show em Porto Alegre por ser uma cidade diferente, que a gente não conhecia. E, também, ajudou (o show) ser no final de semana - explica Juan.

A experiência dos amigos paraguaios não é novidade para a mineira Fernanda Mourad. Além do próprio Coldplay, em outras oportunidades, ela já colocou o pé na estrada para assistir de perto a artistas como o U2, na capital paulista, e Madonna, em Buenos Aires.

Vestindo orelhas de macaco em referência ao clipe da música Adventures of a Lifetime, Fernanda carregava um cartaz em inglês com os dizeres: "Eu ainda sou um macaco com uma cabeça cheia de sonhos. Me deixe dançar com vocês e ativar a minha magia". A fã também escolheu vir para Porto Aelgre por ser uma cidade que ela ainda não conhecia.

- Eu já levei esse cartaz no Chile, mas em uma versão muito maior. Quando eu levantava, os chilenos ficavam loucos comigo - brinca.

No final, Fernanda não conseguiu ser chamada para dançar com os ídolos. Mas não é difícil arriscar que a sua noite, assim como a dos outros milhares presentes, foi tocada pela magia colorida de Chris e seus parceiros.
Antônio Collar