quarta-feira, 28 de março de 2018



28 DE MARÇO DE 2018
ECONOMIA

CEEE TEM PREJUÍZO MENOR, MAS RISCO PERMANECE

BRAÇO DE DISTRIBUIÇÃO teve melhora de resultado com venda de terreno à CEEE-GT, medida que não se repetirá no futuro

Em dificuldades financeiras, o braço de distribuição da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE-D) reduziu o prejuízo em 83% em 2017. O resultado negativo no ano passado caiu para R$ 87,5 milhões - em 2016, havia sido de R$ 527,1 milhões, mostrou o balanço apresentado ontem.

A geração de caixa da companhia medida pelo indicador conhecido como Ebitda ajustado, ficou positiva em R$ 183,8 milhões em 2017. A virada foi comemorada pela direção da estatal, já que no ano anterior havia sido negativa. Caso ficasse no vermelho novamente, a CEEE-D perderia a concessão. É o que determina o contrato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): entre 2016 e 2020, o indicador não pode ser duas vezes negativo.

A empresa atribui o desempenho a uma combinação de fatores. Um é a transferência do terreno da sede, em Porto Alegre, para o braço de geração e transmissão, a CEEE-GT. A medida, que não terá reflexos nos próximos balanços e teve efeito apenas contábil, gerou receita de R$ 283,3 milhões para a divisão de distribuição, que enfrenta maiores problemas.

- A sustentabilidade é um processo que leva tempo. A CEEE-D é um paciente que ainda inspira cuidados. Mas não há como melhorá-lo sem melhorar as condições clínicas - comparou o diretor-presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado.

Outra medida que permitiu prejuízo menor foi a redução de 32% nos custos de operação. A despesa operacional caiu de R$ 1,1 bilhão em 2016 para R$ 751 milhões. O freio nos custos, declarou Pinheiro Machado, tem relação com iniciativas como diminuição do número de funcionários, que passou de cerca de 4,2 mil para 3,5 mil. A adesão a programas de regularização tributária também aliviou os cofres.

- Reduzimos custos com compra de materiais e investimos na incorporação de tecnologias - acrescentou o diretor de distribuição, Júlio Hofer.

LUCRO DA DIVISÃO DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO FICOU MENOR

Além do balanço da divisão de distribuição de energia, a companhia também apresentou o desempenho de seu braço de geração e transmissão. Em 2017, a CEEE-GT se manteve no azul, mas o lucro líquido caiu para R$ 395 milhões, redução de 57% ante os R$ 923,7 milhões do ano anterior.

Segundo a estatal, a queda é explicada em parte porque, em 2016, a receita havia sido inflada com compensações por investimentos feitos no passado. Em 2017, a CEEE-GT ainda encarou dificuldades com oferta de água para geração de energia e, por isso, teve de recorrer a fontes mais caras.

- A chuva é o grande indexador do setor elétrico. Quando chove, o preço da tarifa fica mais baixo. Quando isso não acontece, fica mais caro - comparou Pinheiro Machado.

Com as duas divisões, o Grupo CEEE teve lucro líquido de R$ 24 milhões, redução de 91% frente aos R$ 261 milhões de 2016 - redução também determinada pela compensação paga naquele ano.

LEONARDO VIECELI