26 DE MARÇO DE 2018
CIDADANIA
Escolha a causa certa para você
Em meados de 2005, a professora Jacqueline Navarro se viu literalmente aprisionada pela síndrome do pânico. Sufocada por sintomas típicos como tremores, taquicardia, falta de ar e sensação de perigo iminente, a moradora de Porto Alegre não ousou cruzar a porta por mais de seis meses.
Foi em uma sessão de terapia que surgiu a ideia de se dedicar ao trabalho voluntário como parte do processo de readaptação ao mundo. Faltava escolher uma causa para abraçar. Uma coincidência a ajudou a definir a atividade que lhe traria realização pessoal e capacidade para melhorar a vida de crianças e adolescentes de famílias de baixa renda.
- Fiz balé por 17 anos, e meu terapeuta dançava flamenco. Conversando com ele, decidi lançar um projeto de dança - conta.
Hoje com 300 jovens, o projeto Ballet Cultuarte foi lançado em Alvorada e, a partir deste ano, será oferecido em Porto Alegre. A escolha de Jacqueline representou a oportunidade que Gislaine de Oliveira Figueiredo, 24 anos, aguardava. A jovem sonhava com a dança, mas os cursos lhe fechavam as portas por ser cega. Aceita no Cultuarte, agora atua como instrutora voluntária no mesmo projeto.
Para que iniciativas como essa prosperem, especialistas no terceiro setor referendam a receita de Jacqueline: combinar afinidade pessoal à demanda social por aquele serviço. Antes de sair à rua, planeje e busque informações.
- A primeira coisa é se questionar: o que quero mudar? A situação de uma praça? De um grupo de pessoas? Depois, tem de ir atrás de dados. Já existe alguém trabalhando com aquilo? - ensina a especialista em mobilização social do Itaú Social Cláudia Sintoni.