29 DE MARÇO DE 2018
L.F. VERISSIMO
Scandals
Não faz muito, uma controvérsia dominava as notícias e as conversas nos Estados Unidos da América. Era uma questão que envolvia semântica, lógica, anatomia e jurisprudência e dividia opiniões de costa a costa da nação. A dúvida era se sexo oral, sem penetração, podia ou não podia ser chamado de sexo. O presidente Clinton, acusado de ter tido relações sexuais com a estagiária Monica Lewinsky na sala oval da Casa Branca, defendeu-se dizendo que felação, tecnicamente, não era um ato sexual, o que imediatamente levou metade da população a procurar nos dicionários o significado de "felação", que conhecia por outro nome.
Como o assunto não saía das manchetes dos jornais e dos noticiários de TV, pais de família se viram obrigados a explicar aos filhos o que era aquilo, provocando caras de nojo ("Eca!") ou de indiferença ("É só isso?") nas crianças. Temeu-se pela segurança do país, imaginando-se o presidente tendo que atender a um telefonema importante do Kremlin sendo felatado pela Monica.
- Alô, Bill. Yeltsin aqui.
- Ahn, yum, wow...
- Bill, você está sentindo alguma coisa?
- Yes! Yes! Yes! Quer dizer: não!
Clinton insistiu que ele e a estagiária não tinham mantido uma relação sexual, mas no máximo um comportamento parassexual, e conseguiu não ser empichado. Agora, outro presidente americano se vê envolvido num escândalo sexual. Donald Trump está sendo acusado por uma estrela pornô de ter exigido que ela assinasse um documento prometendo jamais revelar o caso dos dois, anos atrás, em troca de US$ 130 mil.
A moça, cujo primeiro nome, falso, é "Stormy" - tempestuosa - diz que não assinou documento algum e que 130 mil é pouco. E, ao contrário da Monica, que não manteve exatamente um perfil baixo com sua notoriedade, mas nunca foi indiscreta demais, a Stormy está contando tudo. Há dias, foi a um programa de TV e fez até uma piada com o tamanho do pênis do presidente. Sim, esse é o assunto do momento na América. Trump não vê a hora de passar a tempestade.
L.F. VERISSIMO