03 DE NOVEMBRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS
AS FUSÕES NOS MINISTÉRIOS
Uma equipe mais enxuta no primeiro escalão pode assegurar ganhos importantes para o novo governo federal. Basta que seus integrantes estejam afinados e preocupados com a qualidade da gestão.
A intenção do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de reduzir o número de ministérios a quase a metade dos existentes hoje tem um significado importante, mais sob o ponto de vista político do que de redução de custos. Ainda assim, é uma sinalização positiva para um país que, no final do governo Dilma Rousseff, chegou a contar com um total de 39 pastas, reduzido hoje para 29 e que, a partir de janeiro, deve ficar em 16 ou 17, se as intenções do novo governo se confirmarem. Tentativas anteriores demonstram que nem sempre fusões e redução no número de ocupantes de primeiro escalão garantiram os resultados pretendidos. Por isso, as vantagens vão depender de como os planos forem geridos, já que o redesenho traz uma série de situações novas.
Uma das inovações é o chamado superministério previsto para englobar as áreas da Justiça e da Segurança Pública, sob o comando do juiz Sergio Moro, até agora responsável pela Lava-Jato em Curitiba. A outra é a concentração de poder em um só comandante da Economia. O indicado para a pasta, economista Paulo Guedes, passa a ser um fiador pessoal da estabilidade. O aspecto positivo, no caso, é que o Banco Central, embora não seja independente de fato, tem autonomia. Ainda assim, pairam temores relacionados à possibilidade de riscos no caso de conflitos com o próprio presidente da República.
Preocupações semelhantes estão ligadas à convivência entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Depois de grande repercussão negativa, o presidente eleito desistiu de colocar as duas pastas sob a mesma batuta. A mudança de planos é, sem dúvida, acertada e torna ainda mais evidente a necessidade de eliminar os desencontros entre as duas equipes, fruto da falta de pulso nos últimos governos. A pasta do Ambiente é essencial, sobretudo, para o próprio agronegócio, sempre visto com restrições no Exterior em razão das ameaças às áreas de florestas e rios. A eliminação da pasta poderia, assim, gerar boicotes e novas barreiras a produtos brasileiros.
No caso do Meio Ambiente, o presidente eleito deveria se inspirar em Fernando Collor, que nomeou José Lutzenberger para a pasta, e Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou Marina Silva no início do mandato - dois nomes especialmente vistosos no cenário internacional.
Uma equipe mais enxuta no primeiro escalão pode assegurar ganhos importantes para o novo governo federal. Basta que seus integrantes estejam afinados e preocupados com a qualidade da gestão.
OPINIÃO DA RBS
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