09 DE NOVEMBRO DE 2018
+ ECONOMIA
ROTA 2030 AINDA TEM DEFEITOS NA PISTA
Foi uma aprovação em ritmo acelerado, para impedir que a medida provisória 843, que define incentivos a montadoras, perdesse a validade o que ocorreria no próximo dia 16. Ontem, dia em que o texto passou no Senado, em votação relâmpago e simbólica, o presidente Michel Temer quis aproveitar sua passagem pelo Salão do Automóvel, em São Paulo, para dar de presente ao setor automobilístico a entrada em vigor do Rota 2030. Em vez de sancionar o texto, que o Senado ainda não havia liberado, assinou um decreto regulamentando as regras. Acabou invertendo a ordem e provocando alguma confusão.
Mas os problemas relacionados ao novo regime tributário para as montadoras não decorrem da liturgia atravessada para a vigência das regras. O mais inquietante é uma mudança no texto aprovada na Câmara dos Deputados, restringindo a adesão apenas a empresas que fabricam no Brasil. Como pode ser vista como protecionismo, pode vir a ser alvo de questionamentos na Organização Mundial do Comércio (OMC), a exemplo da regra anterior, Inovar-Auto.
Outra incerteza diz respeito à resistência da equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) ao Rota 2030. O futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, como bom ultraliberal, não vê necessidade de mais incentivos a esse setor. Avalia que o segmento já foi bastante contemplado por estímulos e está mais do que consolidado no Brasil.
Montadoras têm planos de investimentos multibilionários no país. Só a Fiat estuda um projeto de R$ 14 bilhões. Mas vão esperar a consolidação das regras e a garantia do novo governo para desengavetar os projetos. O Rota 2030 prevê cerca de R$ 1,5 bilhão anuais em renúncia fiscal, desde que as montadoras invistam em pesquisa, desenvolvimento e eficiência energética. Uma das medidas mais celebradas é a redução da cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros elétricos e híbridos.
Até agora, a alíquota de 25%, a maior de todas no setor, colocava o Brasil na contramão do mundo. Várias fabricantes têm anunciado aumento na produção de modelos com motores elétricos, e algumas, como a Volvo, farão exclusivamente veículos recarregados na tomada já a partir do próximo ano. Conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as alíquotas passam a variar entre 7% e 20%.
há suspense em torno da permanência do presidente do banco central, ilan goldfajn, no cargo. na dúvida, começaram especulações. o mais conhecido é o atual economista-chefe do itaú, mario mesquita, que substituiu ilan quando o atual presidente do BC aceitou o convite de henrique meirelles. Pode fazer o mesmo agora, na mão inversa.
Pioneira das cervejas artesanais no Estado, a Microcervejaria Dado Bier já vendeu para o Exterior, mas sempre de forma ocasional. Até por isso, quando recebeu consulta de um americano sobre parceria para desenvolver uma cerveja brasileira especial, não se comoveu.
- Minha reação foi ?ah, mais um assunto de exportação? - confessa.
Mesmo a distância, o interlocutor percebeu o relativo desinteresse e avisou que viria a Porto Alegre. O ceticismo durou só até começar a ver o projeto. Primeiro, começou com uma apresentação sobre a microcervejaria que, conforme Dado, a própria empresa nunca havia feito:
- A certa altura, ele colocou a mão no meu braço e disse ?você entende o que estou propondo?? Respondi: ?até esse momento, não, agora estou?.
Foi quando nasceu a parceira entre Dado Bier (E na foto) e Blue Ocean, de Ralph Alvarez (D). O americano é um dos que haviam perdido seu negócio de distribuição com a concentração do mercado nos EUA. E não tinha interesse no segmento artesanal, como imaginava o gaúcho, mas em uma cerveja importada com identidade brasileira.
- Ele queria uma empresa independente, com história, criada por um empreendedor, não por um investidor ou fundo - detalha.
Foi aí que Dado se comoveu, criou um pequeno núcleo de exportação e começou a elaborar uma cerveja. Antes, costumava vender ao Exterior os produtos que já tinha, só cumprindo as obrigações legais, como etiquetas acessórias. Tudo isso ocorreu há três anos, em 2015. Depois da parceria formalizada e do produto desenvolvido, o primeiro contêiner da Brazilian Lager, formulação com que vai atuar nos EUA, já foi despachado para o Colorado, onde atua a Blue Ocean. Há planos para mais quatro embarques só neste ano. São cerca de 45 mil garrafas em cada. Há planos robustos para o futuro, mas o empresário mantém a cautela:
- Vai depender muito da aceitação do produto por lá. do grupo. Eles trabalham de forma ordenada, estruturada, isso me agrada. Mas tem uma parcela de sorte, do acaso. PARA OS EUA, POR UM TRIZ
MARTA SFREDO
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