quarta-feira, 28 de agosto de 2024


28 de Agosto de 2024
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Venezuela prende 120 menores, afirmam ONGs

Eleição questionada

Detenções ocorreram em meio à crise deflagrada após a contestada proclamação da vitória de Nicolás Maduro na disputa presidencial

Ao menos 120 menores foram presos pelas forças de segurança da Venezuela desde que foi proclamada a reeleição do presidente Nicolás Maduro, no fim de julho, sob fortes contestações da comunidade internacional. A informação é de organizações de defesa de direitos humanos.

Os menores são acusados de terrorismo. Cerca de cem permanecem detidos, em instalações de detenção juvenil, sob estrito controle militar.

Há relatos de que alguns teriam sido forçados a segurar uma foto de Maduro e pronunciar a expressão "Chávez vive", em referência ao ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013.

Cerca de 1,6 mil pessoas foram presas no país após a eleição. Parte delas foi detida durante protestos, enquanto outras teriam sido levadas de suas residências no meio da noite - em alguns casos, sem mandado.

Uma situação contada pelo jornal norte-americano Washington Post e reproduzida pelo brasileiro O Estado de S. Paulo é a de um jovem de 15 anos que, segundo relato, teve a casa invadida por 17 oficiais militares de madrugada, foi algemado e arrastado para uma van. Ficou 20 dias preso e foi impedido de receber visita de familiares por uma semana. A mãe e o irmão dele, de cinco anos, passaram a noite na cadeia.

O adolescente também afirmou ter sido espancado durante os dias de detenção.

- As forças de segurança estão detendo pessoas a uma velocidade que nós nunca tínhamos visto na história recente da Venezuela - afirmou a diretora para as Américas da ONG Human Rights Watch, Juanita Goebertus:

- Não se trata apenas de repressão contra manifestantes. Há uma caça às bruxas total contra qualquer um que ouse criticar o governo.

Pressão

Na semana passada, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, dominado pelo chavismo, ratificou a vitória de Maduro. A comunidade internacional, porém, segue pressionando para que sejam divulgadas as atas eleitorais, o que não ocorreu até agora. _

Lula pede novo pleito e rebate Daniel Ortega

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a realização de novas eleições na Venezuela e também criticou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que rompeu relações diplomáticas com o Brasil, em uma reunião com líderes da Câmara na noite de segunda-feira.

Lula leu para os deputados a carta que escreveu com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sobre a situação venezuelana, na qual cobram a divulgação das atas eleitorais. Logo depois, disse que, se fosse Nicolás Maduro, convocaria novo pleito. O brasileiro destacou que o chavista ainda tem tempo para fazer isso. Governo e oposição rejeitam a ideia.

Ao citar Ortega, Lula afirmou que não ir a um evento não é motivo para retaliação. A Nicarágua anunciou no início de agosto a expulsão do embaixador brasileiro Breno Dias da Costa após deixar de comparecer ao aniversário de 45 anos da revolução sandinista.

Ainda sobre a Nicarágua, Lula disse que seria a mesma coisa se o Brasil expulssasse embaixadores que não comparecessem às celebrações do 7 de Setembro.

Ortega, que já foi aliado de Lula, chamou de "vergonhosa" a posição do brasileiro sobre a Venezuela e o acusou de querer ser o "representante dos ianques" na América Latina, em referência aos EUA. A fala ocorreu na segunda-feira, em videoconferência da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da América. 

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