terça-feira, 27 de agosto de 2024



27 de Agosto de 2024
NÍLSON SOUZA

A origem dos golpes

A notícia nem causou muito espanto, mas deveria ter causado. Há duas semanas, uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que, em 12 meses, o Brasil registrou 4.678 casos por hora - vejam bem, por hora - de tentativas de golpe via aplicativo de mensagem ou ligação telefônica.

Quem usa celular sabe bem como é. As mensagens e ligações chegam a todo momento, com tudo que é tipo de isca: a compra que você não fez, a central de atendimento que quer te ajudar, o saque bancário com seu nome, CPF e número da conta, o Pix encaminhado por engano para sua chave, um repertório imenso, variado e criativo de fraudes.

Considerando-se a velha lei da oferta e da procura, é evidente que muitas pessoas caem nessas armadilhas. E não dá para ficar culpando as vítimas. Os criminosos são cada vez mais profissionais, articulados e convincentes. E contam com a ingenuidade e o desconhecimento tecnológico de parcela expressiva dos usuários dos meios digitais.

O primeiro ponto que chama a atenção nesse tsunami de vigarices é a quantidade de golpistas em atividade no país. Desafio gigantesco para governos e para a sociedade: como nunca vai haver cadeia para tanta gente (na suposição fantasiosa de que poderiam ser presos), só resta pensar em educação para a honestidade, complementada por mais oportunidades e menos desigualdades sociais. Doce ilusão!

Segundo ponto: se as plataformas digitais controladoras do tráfego estratosférico de informações podem ser responsabilizadas pela divulgação de notícias falsas e difamações, como exigem as novas legislações, não deveriam também reparar os prejuízos causados aos seus usuários pelos golpistas?

E aqui chego ao terceiro ponto, que considero o mais intrigante. Com tantos avanços tecnológicos, onde estão os rastreadores instantâneos para localizar os fraudadores? As ligações e mensagens vêm de algum emissor. Mesmo os robôs que disparam milhares de mensagens por segundo devem ter o endereço de IP (Protocolo de Rede), que é o CPF deles.

Será que não existe um Aríete Digital para a polícia derrubar a porta do bunker desses criminosos? _

NÍLSON SOUZA

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