quinta-feira, 22 de agosto de 2024



22 de Agosto de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

A polêmica dos sacos de areia

Uma interpretação apressada do relatório dos holandeses sobre o sistema de proteção a cheias em Porto Alegre pode dar a impressão de que o uso de sacos de areia sobre a eventual mureta proposta para ser construída entre o Guaíba e os armazéns do Cais Mauá é algo enjambrado. Não é. Os chamados "bags" são utilizados como reforço temporário - e com eficiência - em vários países do mundo.

A ideia levantada pela equipe de pesquisadores que apresentou o documento na segunda-feira seria a construção de um dique, ou seja, um muro de um metro de altura, com 2,5 metros de largura, ao longo de toda a extensão do cais, que tem 1,5 quilômetro. Se a cheia ultrapassar um metro, os holandeses propõem empilhar sacos de areia em cima de todo o comprimento do novo dique, atingindo uma altura total de três metros - a mesma do Muro da Mauá.

O colega Paulo Germano ouviu técnicos da Capital que calcularam que seriam necessários 7,5 mil metros cúbicos de areia para preencher todo aquele quilômetro e meio. Ou seja, 937,5 caminhões.

Embora possa parecer estranha a ideia, a iniciativa foi empreendida, com sucesso, durante enchente na Tailândia em 2013. Lá, foram colocados bags ao longo de 10 quilômetros de extensão.

No caso da Holanda, a areia não surge do nada nem de repente. As autoridades já sabem, antecipadamente, de onde será retirada e como chegará aos locais. Por isso, é fundamental, que se melhore a qualidade da medição do nível do Guaíba e dos afluentes - para que todo esse processo, eventualmente, seja rápido.

A ideia de não se fazer um muro mais alto - e complementá-lo com bags - embute a intenção de evitar cobrir a vista para o lago Guaíba. Aliás, na Holanda, os bags também são usados para evitar que a população fique apartada das águas. _

Em tempo

Causou surpresa entre os holandeses que o relatório tenha sido visto como de conclusões óbvias - problemas nos diques, nas comportas e nas casas de bombas. Até porque, quando a equipe fez a pesquisa de campo, era junho, um mês depois da enchente, quando as causas do alagamento histórico ainda não estavam tão precisas. _

O relatório já havia sido entregue às autoridades há cerca de um mês. Na segunda-feira foi apenas um ato formal. Por isso, muitas das sugestões feitas pela equipe de especialistas já circulavam na boca de muitos gestores municipais.

Falas racistas de Donald Trump

- Eles (os americanos) estão aceitando empregos de negros e hispânicos, e você ainda não sabe, mas verá um momento que será o pior da nossa história - disse.

Mais recentemente, ele repetiu as insinuações de que haveria "empregos de negros", ao se referir a trabalhos supostamente precários. Durante a Convenção Anual da Associação Nacional de Jornalistas Negros dos Estados Unidos disse que os imigrantes sem documentos estão roubando "os trabalhos dos negros".

Quando lhe pediram que especificasse o que significaria isso, Trump respondeu: "Um trabalho de negro é qualquer um que tenha um trabalho".

Em seguida, passou também a questionar a identidade racial de Kamala Harris.

- Ela sempre foi de origem indiana, só promovia a herança indiana. Eu não sabia que ela era negra até alguns anos atrás, quando ela se tornou negra e agora quer ser conhecida como negra. Portanto, não sei se ela é indiana ou negra - afirmou. _

Nas olimpíadas

As frases de Donald Trump têm gerado indignação entre os apoiadores democratas, artistas e atletas dos EUA.

Depois de fazer algumas das apresentações mais impressionantes da ginástica artística nos Jogos de Paris, Simone Biles ironizou na rede social X (antigo Twitter): "Adoro meu trabalho de negro".

A publicação da ginasta foi acompanhada do emoji de um coração preto e da medalha de ouro. _

Na convenção

Na convenção democrata nesta semana, correligionários de Kamala Harris saíram em desagravo. Na terça-feira, Michelle Obama afirmou:

- Durante anos, Trump fez tudo ao seu alcance para tentar fazer as pessoas nos temerem. Sua visão o fez se sentir ameaçado pela existência de duas pessoas trabalhadoras, que por acaso são negras. Quem vai dizer a ele que o emprego que ele está procurando atualmente pode ser apenas um desses empregos para negros? 

Passado de Kamala

Kamala Harris sempre se identificou como negra e se formou em várias instituições negras, como a Universidade Howard, em Washington. Ela é filha de mãe indiana e pai negro.

É a primeira vice-presidente da história dos Estados Unidos negra e asiática e, se eleita, será a primeira mulher negra e asiática a ocupar a presidência. Uma pesquisa aponta Kamala com 81% da preferência entre o público negro. Trump conta com 18%. _

INFORME ESPECIAL

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