03 de dezembro de 2016 | N° 18705
PIANGERS
A grama do vizinho
Como um membro da espécie, posso confidenciar uma prática masculina constante, que é a mania de comparar-se com outros homens o tempo todo. Acredito que as mulheres também façam isso, não sei se em maior ou menor escala, mas posso falar por meus semelhantes, que estão sempre comparando seus carros, casas, habilidades futebolísticas, tamanho do contracheque e comprimento de órgão sexual. O homem é um comparador compulsivo.
Por conta disso, homens caem na tentação de comparar seus relacionamentos e estilos de vida. Quando um homem está solteiro, vê seus amigos casados e pensa em casar. Quando um homem está casado, vê seus amigos solteiros e quer se separar. O homem comete o pior dos erros, comparando-se com diversos amigos e percebendo que a esposa de um é mais bonita, de outro é mais bem-sucedida, de outro é mais divertida, de outro cozinha melhor. Acredito que mulheres também façam isso, mas sobre isto uma mulher pode escrever.
O erro de comparar seu relacionamento com o de outras pessoas é que você nunca terá o relacionamento perfeito. Quando tem muitos pontos de comparação, escolherá o que cada casal tem de melhor e terá a frustração de não alcançá-lo, sem perceber que seu próprio relacionamento é, para os outros, perfeito em algum sentido. Ninguém tem um relacionamento perfeito, apenas a soma imaginária de todas as melhores qualidades daqueles que o rodeiam.
Existe, ainda, a sensação de que nenhum outro casal briga. Os amigos estão sempre na Europa, tomando champanhe no Instagram, foto de coxas na beira da praia. Quando há desentendimentos na nossa vida, achamos que só nosso relacionamento é problemático. Achamos que a grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa. Sem perceber que, na verdade, a grama é mais verde no lugar em que você regar mais.