quinta-feira, 2 de novembro de 2017


02 DE NOVEMBRO DE 2017
SEGURANÇA

Homicídios diminuem na Capital e disparam na Região Metropolitana


PORTO ALEGRE registra primeira queda no indicador em cinco anos, mas estatística estadual não se reduz

Pela primeira vez em cinco anos, os números de homicídios de Porto Alegre estão em queda. É o que demonstram indicadores criminais divulgados na manhã de ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), considerando os registros até setembro deste ano. Foram 446 homicídios na Capital nos primeiros nove meses do ano, 14,3% a menos do que os 521 do mesmo período do ano passado. Mesmo que Porto Alegre responda por quase um quarto dos homicídios do Estado, no Rio Grande do Sul, o índice segue em alta (leia texto ao lado). E a explicação pode estar justamente no entorno da metrópole, que seguiu fluxo inverso. Nos três trimestres de 2017 há alta de 21,7% nas mortes entre os nove municípios com mais de 100 mil habitantes da Região Metropolitana. Foram 626 homicídios nesses locais.

Houve inversão no gráfico das mortes, já que, no mesmo período de 2016, os nove municípios - com mais de 1,8 milhão de habitantes - tinham menos homicídios do que na Capital, onde vivem 1,4 milhão de pessoas. Para as autoridades, o fenômeno pode ser explicado pela migração dos confrontos violentos entre facções.

- A constatação é de que os grupos criminosos passaram a ocupar os territórios fora de Porto Alegre após o combate aos homicídios mais efetivo na Capital. Nossa meta é intensificar as investigações, especialmente em Gravataí, Alvorada e Viamão, onde verificamos essa realidade das facções - diz o chefe de Polícia, delegado Emerson Wendt.

Em Viamão, houve redução de 6,3% nos homicídios, mas Gravataí, com alta de 48%, e Alvorada, de 21,9%, demonstram a explosão destes crimes. Para o subcomandante da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda, o desafio para os próximos meses está em conseguir refletir na região o que se conseguiu em Porto Alegre.

- Todo nosso planejamento é conseguir levar a Operação Avante de forma mais efetiva para municípios da Região Metropolitana. É inegável que o aumento do policiamento nas ruas travou os homicídios em Porto Alegre - avalia o oficial.

A redução dos homicídios na Capital até setembro chegou ao dobro da meta - estipulada em 7,5% pelo Plano Nacional de Segurança. Segundo o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Paulo Grillo, foi resultado de duas ações: o reforço no policiamento - com PMs do Interior e Força Nacional - e a Operação Pulso Firme - com a transferência de lideranças de facções para prisões federais.

- Tivemos 95 homicídios em janeiro, foi um recorde histórico. Aquilo acendeu o alerta vermelho em todos, e aí foi preciso estratégia elaborada entre setores de inteligência. E deu certo - afirma Grillo.

EDUARDO TORRES