domingo, 26 de agosto de 2018



24 DE AGOSTO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

CRISE NA APRENDIZAGEM

Determinado a convocar líderes da sociedade civil para uma mudança no patamar de ensino, o movimento Todos pela Educação tem uma contribuição indispensável para políticos em campanha ao governo gaúcho e à Presidência da República. No caso do Rio Grande do Sul, a presidente-executiva da organização, Priscila Cruz, ratificou as dificuldades registradas nessa área, em entrevista ao Gaúcha Atualidade e a Zero Hora, atribuindo-as basicamente a uma descontinuidade absurda das políticas educacionais. Daí a importância conferida, por parte da instituição, ao papel de líderes da sociedade civil em pressionar governantes e candidatos para a necessidade de políticas continuadas nessa área.

É significativo também o alerta da responsável pela entidade de que o país enfrenta uma crise não na educação, mas de aprendizagem. Uma situação dessas dificilmente pode ser corrigida apenas com promessa de mais investimentos por parte de candidatos - a começar pelo fato de que as dotações orçamentárias específicas estão asseguradas por lei. Nos últimos anos, por exemplo, o país triplicou o investimento por aluno no Ensino Médio, mas o resultado caiu. A saída para garantir avanços continuados, na visão da instituição, inclui mudanças na formação docente e investimentos na primeira infância, que são pressupostos para o país e o Estado reduzirem as deficiências de aprendizagem.

No Rio Grande do Sul, o mau desempenho na área educacional foi preponderante na queda de qualidade de vida dos gaúchos e se reflete na perda de posição no ranking geral do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS). O aspecto mais preocupante, no caso, é o fato de mais de 30% dos alunos do Ensino Médio se encontrarem acima da idade considerada adequada para a série cursada em 2016, ano tomado como base para o levantamento. A deformação tem origens que remontam à falta de oportunidades adequadas de formação educacional desde a primeira infância. Ao mesmo tempo, ajuda a explicar por que tantos jovens, mesmo quando conseguem concluir o Ensino Básico, não têm o domínio esperado em português e em matemática.

O Estado e o país só conseguirão enfrentar mazelas como economia fraca e violência extremada quando colocarem em prática políticas eficazes e continuadas na área educacional. Os candidatos a governador, especificamente, precisam deixar claro como pretendem reduzir o elevado número de analfabetos funcionais que, no Rio Grande do Sul, deixam a escola todos os anos para disputar o mercado de trabalho.

OPINIÃO DA RBS