25 DE AGOSTO DE 2018
ANA CARDOSO
Tadinho do homem sem uma mulher
Ainda tem gente que tem pena de homem que se separa e não se casa de novo.
"Tadinho, tem que se virar", ouvi da avó de uma colega da Anita, se referindo ao seu nenê de 43 anos. Imaginei o pobre homem cozinhando feijão, estendendo as cuecas no varal, fazendo a lista de compras. Correu uma lágrima. Mentira.
Eu fiquei quieta. Estou assim agora, não quero problematizar e brigar com todo mundo.
As meninas estudam. Vão para a escola, se esforçam, engolem diversos sapos e muitas de nós conseguem empregos mesmo quando estamos em idade reprodutiva. Por motivo de: competência.
Mas grande parte dos homens e boa parte das mulheres ainda acha que nosso real valor está em cuidar de um homem, de uma casa, dos filhos. Como se nosso cérebro não compreendesse algoritmos ou raciocínios lógicos e só fôssemos boas em trabalhos braçais, servis e não remunerados.
É sério isso?
Então, para tudo. Tira a menina da escola e bota no curso de boas maneiras. Esquece a gramática e as regras de física e foca no abdominal e na hidratação capilar. Que se lixem as equações, o que importa é manjar das dietas.
Outro dia, minha mãe falou: "Vou ensinar tuas filhas a cuidarem da casa. Não te ensinei e olha só no que deu". Abracei-a e disse: "Mãe, você acertou tanto comigo que não vou nem discutir. Mas, por favor, deixe as meninas se ocuparem dos estudos e de suas brincadeiras".
Vão aprender a cuidar de suas casas quando saírem de casa. Se casarem, vão construir seu próprio método a quatro mãos. Como tem que ser. E, se casarem com algum homem que não divide os serviços não remunerados com elas, prometo não ter pena dos "coitadinhos" em caso de separação.
ANA CARDOSO