30 DE AGOSTO DE 2018
+ ECONOMIA
BC VOLTA, DÓLAR RECUA
Mesmo já sabendo dos dois leilões de linha (venda física de dólares, com obrigação de recompra posterior) do Banco Central, anunciados na véspera, depois do fechamento da sessão, o mercado de dólar acordou nervoso ontem. Na abertura, a cotação chegou a R$ 4,157.
À medida que as transações avançaram, a calma voltou, com ajuda dos US$ 2,15 bilhões ofertados pelo BC. A cotação acabou fechando em R$ 4,114, recuo de 0,65% em relação ao dia anterior.
O desempenho contrastou com o do dia anterior, quando uma onda de desvalorização atingiu o real. Ontem o dólar se valorizou ante várias moedas de países emergentes, entre os quais a Turquia (3% de alta nesta quinta), onde o BC local foi obrigado a duplicar o limite de crédito no setor bancário, e na África do Sul, apontada como a "bola da vez", depois das crises de Argentina e Turquia. Mas o real resistiu à volta da depreciação.
Havia certa tensão sobre o resultado da primeira revisão do PIB dos Estados Unidos, mas nem o fato de o dado vir ligeiramente acima (4,2%) da expectativa (4,1%) perturbou a relativa calmaria no câmbio. O crescimento elevado da economia americana pressiona por mais aumento na taxa de juro no país, o que desloca capitais dos emergentes para a terra que imprime dólares.
Além de fazer leilões, o BC brasileiro também quebrou o silêncio, tentando reduzir o estresse. Parece ter ajudado. Ao menos, até agora.
A elevação consistente da bolsa, de 1,2% ontem, reflete mais as sucessivas altas em Nova York, que vem quebrando seus próprios recordes, do que alguma percepção de melhora no cenário interno.
Analistas advertem que a trégua na disparada do dólar pode ter curta duração, tanto pelo desafiador cenário externo, que afeta todos os países emergentes, quanto pelo ambiente interno, de incerteza elevada. Depois de registrar a segunda maior cotação da história do real, o dólar pode quebrar o teto até agora, de R$ 4,1631, registrado em 21 de janeiro de 2016.
MARTA SFREDO