segunda-feira, 24 de agosto de 2015



24 de agosto de 2015 | N° 18272 
DAVID COIMBRA

Abaixo o óleo de coco!


Passei o fim de semana preocupado com dois conflitos: a ameaça do exército de Evo Morales de invadir o Brasil, tornando-nos colônia da Bolívia, e o confronto entre os defensores do óleo de coco e os adeptos do óleo de canola.

Se você não sabe sobre esse conflito amargo, explico: no programa Bem-Estar, da Globo, uma nutricionista disse que o óleo de canola é melhor do que o de coco, que, segundo ela, engorda. A reação dos coquistas foi imediata e furiosa. Correram às redes sociais e passaram a atacar a apresentadora com um bombardeio de posts e tuítes arrasadores, a maioria com aquele argumento que pode ser resumido assim: “Como é que uma jornalista, formadora de opinião, deixa alguém falar algo contra a minha opinião?”

Outros identificaram os interesses escusos da Rede Globo, que está evidentemente decidida a acabar com o óleo de coco a fim de beneficiar o de canola. O povo não é bobo! O povo bradou: “Não acredite na Rede Globo: óleo de coco é bom”.

Até esse momento, confesso, não sabia da existência do óleo de coco. Mas agora, depois da polêmica, me posicionei: sou contra. Se a Rede Globo está contra o coco e a favor da canola, serei contra o coco e a favor da canola. Porque, afinal de contas, sou da Grande Mídia, não sou? A Grande Mídia tem sido muito atacada. Até quem trabalha na Grande Mídia a combate e fustiga. Alguém tem de se sacrificar e ficar ao lado dela. Esse alguém sou eu. Estarei atrás das trincheiras da Grande Mídia, antes da invasão boliviana e da transformação de todos os jornais em Pravdas. Portanto: MORRA, 
ÓLEO DE COCO!

Quantidade e qualidade

Marx dizia que a quantidade gera qualidade. Esse devia ser o lema do Campeonato Brasileiro.

Se o Grêmio tivesse quantidade razoável de jogadores com as mesmas características dos titulares, seria favorito para ganhar o título.

Mas não é o que acontece. A perda de um único jogador, Luan, atrapalhou todo o sistema do time, que só se manteve invicto nas últimas três partidas porque Roger conseguiu arrancar a solidariedade do peito dos jogadores e porque Marcelo Grohe é um goleiro muito seguro.

Neste domingo, contra a Ponte, Luan jogou. Só que Roger trocou Pedro Rocha por Fernandinho. Um erro. Fernandinho, quando entra no segundo tempo, pega o adversário cansado e o atormenta a dribles. Nessas circunstâncias, ele muda o jogo. Quando sai jogando, não.

Quando sai jogando, Fernandinho tem que exercer uma função para a qual não está preparado: ele não tem a mesma capacidade de entrega de Pedro Rocha à marcação, nem a mesma energia da juventude. Repare no já histórico gol que o Grêmio marcou naquele contra-ataque em Belo Horizonte, diante do Atlético: Pedro Rocha estava no campo de defesa, ao lado da área, posicionado como um volante. Ele deu uns três toques na bola. Pedro Rocha faz isso. Ele está onde tem que estar, ele corre, se apresenta para o passe, incomoda o adversário. Fernandinho tentou ser participativo contra a Ponte, e até foi, mas jamais conseguirá alcançar o nível de entrega de Pedro Rocha.

Pedro Rocha tem seus defeitos, sobretudo na conclusão, o que pode corrigir, mas ele é um dos estabilizadores do Grêmio. Foi assim que Roger fez o time engatar: conscientizando os jogadores de que cada um tem que jogar por dois. Todos podem compreender isso. Nem todos podem fazer.