27 de agosto de 2015 | N° 18275
EDITORIAIS
SEM TRANSIGÊNCIA COM A CORRUPÇÃO
O ponto mais importante da arguição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, ontem, foi a garantia de independência do Ministério Público e de que a corrupção continuará sendo combatida, como querem os brasileiros. Submetido ao crivo dos senadores no momento em que as denúncias envolvendo a Petrobras começam a atingir em cheio os políticos, o chefe do Ministério Público advertiu que não há futuro viável se condescendermos com a corrupção. E deixou claro para os senadores que, nesse combate, todos são iguais perante a lei.
A manifestação soa como um alento para o país, pois confirma que as instituições seguem exercendo o seu papel acima de questões pontuais. Não há outra forma de concluir o enfrentamento de um esquema de corrupção como o que está sendo apurado, definido ontem pelo procurador como sem precedentes, a ponto de “roubar nosso orgulho” e de drenar para outros fins recursos destinados a áreas como saúde e educação.
É compreensível o constrangimento de integrantes da Comissão de Constituição e Justiça. De seus 27 integrantes, nada menos de oito titulares e dois suplentes são alvos de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava-Jato. E o questionamento ocorreu às vésperas de novas denúncias envolvendo políticos.
Sob esse aspecto, a sabatina foi importante também pela oportunidade concedida ao procurador-geral de rechaçar ilações alimentadas com o objetivo de enfraquecer o Ministério Público, entre as quais um suposto “acordão” para livrar políticos de denúncias. O país precisa que as instituições preservem sua atuação acima de interesses políticos e partidários, para enfrentar a corrupção com eficiência e transparência.