sexta-feira, 25 de janeiro de 2019



25 DE JANEIRO DE 2019
ENTREVISTA KÉFERA BUCHMANN

"Minha adolescência foi uma época muito cruel"

No ar como a vilã Mariane em Espelho da Vida, novela das seis exibida pela RBS TV, Kéfera Buchmann é a protagonista do filme Eu Sou Mais Eu, que chegou ontem aos cinemas. Com direção de Pedro Amorim, a comédia conta no elenco também com nomes como João Côrtes, Giovana Lancellotti e Felipe Titto. Projetada como fenômeno de popularidade com seu canal no YouTube, Kéfera segue agora carreira de atriz. Em Eu Sou Mais Eu, ela vive Camilla, uma popstar arrogante que, subitamente, volta ao ano de 2004, quando tinha 16 anos, era mais introspectiva e vítima de bullying na escola. Em entrevista a ZH, Kéfera fala sobre o filme e e sua identificação com a personagem

Eu Sou Mais Eu parece ser uma comédia direcionada aos adolescentes, mas há elementos voltado aos adultos que viveram a adolescência em 2004. O filme tem um público-alvo?

Creio que não. Acho que é justamente sobre isso, gerar a identificação de várias pessoas. Principalmente para a gente, que já passou da adolescência, uma pena, né? (risos). Acabamos nos identificando por termos vivido essa fase nos anos 2000. Toda a galera que passou por isso, do jogo da cobrinha, de ir à locadora, de ter discman, de não ter a tecnologia que temos hoje, vai se identificar.

Você tem 25 anos e vive no filme uma popstar na casa dos 30 e uma adolescente. Como se preparou para esse trabalho?

Fiquei dois meses com a Estrela Straus, preparadora de elenco e que interpreta uma fã maluca no filme, que usa o método do Lee Strasberg (ator e diretor e professor de arte dramática americano que trabalhou com nomes como Marlon Brando e Al Pacino). Foi um processo de muito estudo, de trabalho de corpo, de leitura.

O filme não segue o caminho previsível de romantizar a relação de Camilla e Cabeça (João Côrtes), focando na amizade entre os dois. Quais rumos do longa deixaram você satisfeita?

A solução do filme não é encontrar o cara da sua vida, mas sim se encontrar com você mesma. Como sou produtora associada do filme, tudo foi muito bem pensado desde a primeira ideia, no início de 2017. Gostei da mensagem que o filme passa, sobre você não se importar com a opinião dos outros, trabalhar para bancar sua autenticidade e deixar sua essência fluir. Apesar do mal que te fazem nessa época tão intensa que é a adolescência, não deixar que isso não te torne uma pessoa dura e amargurada com a vida.

Você se identifica de alguma maneira com a versão adolescente da Camilla?

A versão adolescente sou eu, retrata certamente o que vivi. Nunca fui a popular. Na escola, sempre fui a esquisita, a bizarra, que sofria bullying. Tem muito do que aconteceu comigo.

Se você pudesse voltar a viver sua adolescência, como no filme, o que você faria de diferente?

Nada. Passaria por tudo de novo. Foi uma época muito cruel. Estudei nove anos em um colégio que foi bem complicado nessa questão (do bullying). Chorava todos os dias. Não queria ir mais para o colégio, odiava muito estar ali porque as pessoas eram muito cruéis com assuntos ligados a cor, a cabelo, a usar óculos, a questão do meu jeito, da minha personalidade, tudo era motivo para tirar sarro. Como sei que muitas pessoas passam por isso e que meu alcance acaba tendo relevância, é muito importante para elas ouvirem essa mensagem.

Você também está em uma novela da Globo. É o seu período de afirmação como atriz?

As pessoas ainda têm esse preconceito de "ah, uma menina que veio da internet, que fez um canal no YouTube e aproveitou disso para virar atriz de repente". Foi justamente o oposto. Quando entrei no YouTube, já fazia teatro há uns dois anos. Entrei na plataforma com a ideia de que as pessoas me vissem e talvez me chamassem para algum teste. Mas não esperava que fosse rolar junto. Agora está acontecendo de vez. Dentro da profissão de ator e atriz, quando a gente fala "estou pronto", está totalmente errado. Nossa profissão é muito sobre melhorar e evoluir. Tem de ler muito, assistir a bastante filme, buscar referências e até buscar terapia e conhecer você mesmo para dar vida a outro personagem. Tudo vai virando bagagem e você vai criando estofo. O amor da minha vida é atuar.

Sua base de fãs na internet é composta por adolescentes. Com sua exposição na novela das seis, você tem sido reconhecida por um público mais velho?

Sim! Tem as senhoras, principalmente no mercado, quando você está fazendo feira. Gosto quando a pessoa que não faz a menor ideia de nada da internet fala: "Ah, a moça da novela". É muito legal ser reconhecida dessa outra forma. Quem me conhece na TV, acaba indo me ver na internet, e quem já me acompanhava acaba assistindo à novela.

WILLIAM MANSQUE

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