sexta-feira, 11 de janeiro de 2019


Jaime Cimenti

Potências emergentes e nova ordem global 

O mundo pós-ocidental - Potências emergentes e a nova ordem global (Zahar Editora, 252 páginas, tradução de Renato Aguiar), do professor, escritor e colunista Oliver Stuenkel, professor adjunto de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, e coordenador da Escola de Ciências Sociais e do MBA da FGV, trata de candentes questões de política internacional e global, e faz reflexões interessantes sobre as preocupações dos chineses. 

A superpotência Estados Unidos passou a ser ameaçada por uma China em ascensão e países emergentes - entre eles, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul -, que passaram a desempenhar um papel cada vez mais decisivo nos assuntos internacionais. A balança de poder global se movimenta. 

Qual é o significado dessa nova configuração? Estamos rumando para um cenário caótico e perigoso no qual regras e normas não terão mais importância? Ou será que um possível fim da hegemonia ocidental tornará o mundo mais pacífico? Em sua obra, o professor Stuenkel foge de generalizações e lança ideias instigantes, após examinar o novo contexto mundial. 

Para Stuenkel, Pequim se preocupa principalmente com a estabilidade política interna e o acesso econômico ao exterior, e não com a promoção de seu modelo político autoritário para o resto do mundo. O autor da obra não faz parte do pessimismo que, em geral, impera na visão do futuro da ordem global. Para ele, não há evidências de que a nova ordem mundial seja mais conturbada que a atual. Ele pensa que se dará descentralização de poder político, econômico e militar, com potências emergentes participando cada vez mais. Inéditas oportunidades, mais democráticas e cooperativas podem surgir no mundo pós-ocidental. 

É hora, definitivamente, de analisar o que acontece no mundo e examinar muito bem a "ascensão do resto", em tempos de altas transformações. Por certo, as ideias do autor podem ser discutidas, os temas são altamente complexos e polêmicos, mas não há dúvida de que o livro contribui muito para debates vitais para o planeta e seus habitantes e a busca de algo melhor do que está aí. 

Lançamentos 

Em busca da alma do Brasil (Edição do autor, 480 páginas), do médico psiquiatra, jornalista e advogado porto-alegrense Montserrat Martins, autor de Terapia existencial da família (1997), traz dezenas de artigos dele e de colaboradores sobre Amazônia, povo brasileiro, Nordeste, Brasil urbano, tipos brasileiros, o charme do Sudeste, o Sul maravilha e, ainda, um glossário tupi-guarani. 

O língua (Ateliê Editorial, 192 páginas), novo romance do escritor Eromar Bomfim, traz o drama do brasileiro primordial, o mameluco Leonel, nascido de uma relação violenta entre uma índia anaió e o padre fazendeiro Antônio Pereira. Após vida nômade com a mãe e no aldeamento jesuíta, onde aprende português, Leonel será cooptado como língua e guerreiro nas guerras contra seu próprio povo. 901 (Edição do autor, 134 páginas), novo livro de Jaime Lerner, cineasta premiado no Brasil e no exterior e autor de livros de contos e romances, traz a narrativa forte e bem estruturada que começa em uma tarde abafada no Centro de Porto Alegre. 

Um encontro fortuito num elevador de um prédio antigo, um convite, uma intimação? O elevador rasteja até o nono andar, uma porta se abre. Experiência, aventura inesquecível ou um desencontro? - 

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/12/662500-potencias-emergentes-e-nova-ordem-global.html)

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