sábado, 22 de outubro de 2022


22 DE OUTUBRO DE 2022
MONJA COEN

DIREITA, ESQUERDA, CENTRO

Somos um só corpo e uma só vida. E há diversos olhares e pareceres sobre a realidade. Podemos fazer escolhas.

Buda era conhecido como um ser que despertou e que trilhava o Caminho do Meio. Esse Caminho do Meio de Buda não significa o centrão político no Brasil atual. É o Caminho da Sabedoria, do Despertar. Que ora faz uma curva à esquerda e ora faz outra curva para a direita.

Como andar reto por ruas curvas? Esse frase é de um caso antigo que mestras e mestres sugerem a seus discípulos e discípulas para penetrar durante as práticas de Zazen, práticas de sentar-se em Zen, práticas meditativas.

Estar em Zazen não é apenas ficar parado apreciando a natureza, o vento, a brisa e os pensamentos, sentimentos. É ir além de si. É transcender a si e aos outros. É tornar-se montanhas e águas, sol, vento, terra, insetos, paredes, tijolos, cercas, grama, árvores, pássaros, peixes, répteis, aves. Ser o todo manifesto sem perder a sua individualidade - que se mistura a tudo que é, foi e será.

Estamos vivendo momentos preciosos de discussões, debates, afirmações categóricas. Esquecemos a capacidade do diálogo, de ouvir, escutar para entender que há diversas maneiras de administrar um país e uma casa, empresa, família, estado, cidade. Quando formos capazes de nos reconhecer e de nos ouvirmos claramente, poderemos tomar decisões inteligentes, sábias e compassivas.

Será que todos os seres estão incluídos nas propostas dos grupos aos quais nos identificamos? Será que podemos ser a transformação que queremos no mundo? Se achamos feio debates com insultos, grosserias, baba grossa saindo da boca de líderes nacionais - preste atenção: você também se manifesta dessa forma? Detesta quem compete com você ou respeita seus adversários?

Imaginemos um campo de futebol onde os jogadores, técnicos e árbitros se insultassem incessantemente. Não haveria jogo, apenas grosseria. Quem vestiu a camisa de um time não quer trocar para de outro time - é verdade.

Mas os jogadores profissionais, como alguns políticos nacionais, trocam de camisa, trocam de time - pelo salário, pela experiência, por seu próprio ganho e aprendizado. Jogam pelo prazer de jogar. Não estão preocupados com as apostas que fizeram para este ou aquele time. São profissionais capazes de fazer gol contra o time que os criou. Sem lágrimas e saudades dos antigos companheiros.

Para os torcedores, é quase impossível trocar a camisa do Grêmio pela do Inter. Impensável. Vestiu a camisa - algumas vezes antes de nascer mesmo - e morre com ela. "Coloquem a bandeira do time em cima do meu caixão", tenho ouvido pessoas fazer esse pedido.

O segundo turno das eleições está mais próximo. As brigas, mais acirradas. Sempre alguém querendo convencer alguém de sua escolha. É o processo democrático... Mas não precisa ser um processo de insultos e cuspes. Pode ser de diálogo. Infelizmente, os que dialogam não são ouvidos. Apenas os que berram - seja lá o que for que estejam pensando, falando e/ou fazendo.

Há medo e apreensão. Há divertimento e expectativa. Lembrem-se de refletir para escolher e votar para o bem de todos os seres. Caminho do meio é se tornar o caminho. Mãos em prece

MONJA COEN

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