sexta-feira, 28 de outubro de 2022


28 DE OUTUBRO DE 2022
CAPA

Os caminhos da Feira do Livro

Tradicional evento de Porto Alegre começa hoje sua 68ª edição de olho na formação dos leitores do futuro

A festa do livro. Ou mais uma festa para celebrar os 250 anos de Porto Alegre. Para decretar a retomada plena de um evento-símbolo da cidade. Uma celebração para instigar novos leitores. Uma feira para vislumbrar o futuro.

A partir de hoje, a 68ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre passa a ocupar a Praça da Alfândega, no Centro Histórico e em trechos da Rua dos Andradas, Travessa Sepúlveda e Rua Cassiano Nascimento, além de espaços culturais. O evento será realizado até o dia 15 de novembro, com a área infantil e juvenil funcionando das 10h às 20h e a área geral, das 12h30min às 20h. A programação completa pode ser conferida no site feiradolivro-poa.com.br.

Tendo o poeta Carlos Nejar como patrono, a Feira volta a ser completamente presencial, depois de dois anos em formato digital ou híbrido. Em 2021, a programação com a presença de público foi limitada a sessões de autógrafos e contações de histórias e espetáculos de teatro para a primeira infância.

A organização espera receber 1,5 milhão de visitantes, 200 mil a mais do que em 2019, última edição plenamente presencial.

Atrações

Desta vez, serão 1.001 eventos em 18 dias: 546 sessões de autógrafos, 379 atividades na área infantil e juvenil e 76 na área adulta. Haverá bate-papos, palestras, saraus, oficinas e sessões de autógrafos, sempre tendo o livro como mote. Tudo gratuito.

Muitas dessas atividades terão Porto Alegre como tema, já que a 68ª edição da Feira presta tributo aos 250 anos da Capital - completados em 26 de março. Afinal, o evento leva o nome da cidade desde 1955 e o propaga para o mundo inteiro.

- Hoje, a Feira está no rol dos eventos literários mais importantes do mundo - garante Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), entidade que organiza o evento. - Somos convidados em diversas ocasiões para debater questões do livro, no âmbito nacional e internacional. É uma feira muito popular, que divulga a cidade.

Além de fechar as comemorações do aniversário de Porto Alegre, a 68ª Feira seguirá pondo em prática um de seus principais motes de sete décadas: instigar o leitor mais jovem. A área infantil e juvenil contará com a participação de 67 escritores, sendo 40 de outros Estados. Serão 38 encontros do ciclo O Autor no Palco, no Teatro Carlos Urbim - atividade voltada a estudantes dos ensinos fundamental e médio. Nos finais de semana, o espaço abrigará espetáculos infantis e concertos musicais.

- Habituando as crianças a lerem agora, forma-se um leitor depois. Não apenas um consumidor de livros, mas alguém com aptidão para a leitura em geral - destaca Ledur. - Trabalhando nas idades iniciais, teremos um cidadão mais informado e buscando cada vez mais. Esse é o grande papel da Feira: popularizar a leitura desde a primeira infância.

Planos

No ano passado, a realização da Feira foi na base do sufoco. A Câmara de Vereadores cancelou um patrocínio previsto ao evento a poucas semanas de seu início - sem essa verba, havia o risco de as bancas ficarem sem cobertura contra chuva. O Legislativo municipal voltou atrás, mas cedendo metade do valor original.

A expectativa é otimista para 2022, já que a Feira cresce em expositores em comparação ao ano passado: de 56 para 71. Embora houvesse uma corrida contra o tempo atrás de patrocinadores - o financiamento pela Lei Rouanet só foi aprovado em agosto -, Ledur afirma que não houve maiores problemas na viabilização do evento.

O presidente da CRL frisa que, na semana seguinte ao término da Feira, a edição de 2023 começará a ser planejada. Um de seus desejos é a implementação do Vale-livro - cartão que disponibilizaria R$ 50 a estudantes e professores da rede pública para utilizarem na compra de livros, projeto que foi utilizado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A ideia também é trabalhar em uma Feira com ainda mais atrações para garantir mais público e, consequentemente, formar mais leitores.

- Vamos ter um número maior de expositores no ano que vem, provavelmente. Seria bacana termos o Cais de volta para a área infantil. Foi um sucesso quando teve, só que vai depender também de como vai se portar o mercado durante o ano e também os nossos projetos - explica Ledur.

 WILLIAM MANSQUE

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