quinta-feira, 1 de agosto de 2024



31 de Julho de 2024
MÁRIO CORSO

A fábrica de TDAH

Você já teve, ou viu alguém tendo, dúvidas sobre se trancou a porta? Se desligou o forno? Ou que não sabe onde deixou as chaves? Não é um problema de memória, é falta de atenção. Quando você chaveou, ou não, a porta, estava com a cabeça em outro lugar. A ação funcionou no automatismo. Atos assim, em segundo plano, não são registrados, pois o foco estava no pensamento.

No caderno Vida, aqui na ZH, do dia 20/21 de julho, a psiquiatra Fabrícia Signorelli, esclareceu o que é o TDAH. Sua preocupação era o aumento de autodiagnósticos deste quadro clínico, vindos de informações superficiais nas redes sociais, causando uso de automedicação. Em resumo, temos pessoas que sofrem de algo, tomam medicações erradas e se afastam de um diagnóstico e tratamento correto.

O mundo digital é uma fábrica de falsos TDAH. As redes sociais induzem um funcionamento aleatório, o sujeito anda por vários assuntos sem foco. O tempo passa e ele não retém nada, mas é submetido a trocas constantes de assunto, sem nenhuma profundidade. É um fluxo mental que não cria uma hierarquia de importância, nem uma possibilidade classificatória dos temas. Essa diarreia mental é uma forma de hiperatividade que destrói a atenção profunda, não apenas dos portadores de TDAH, mas de todos usuários. 

MÁRIO CORSO

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