06
de janeiro de 2014 | N° 17665
ARTIGOS
- Joaquim Clotet*
Otimismo do
começo
No
início de cada ano, renovam-se sentimentos, podendo ser também o momento de
reafirmar atitudes primordiais à humanidade, como o otimismo, a gratidão e a
curiosidade. O poeta Robert Browning convida ao estado de ânimo otimista quando
escreve saúda com alegria o que ainda está por vir. Não há dúvida de que se
trata de uma admirável forma de começar 2014.
Outra
atitude, infelizmente menos comum, é a da gratidão pelo apoio, compreensão,
colaboração e, também, pela capacidade de devolver algo, ainda que singelo
como, por exemplo, um sorriso, uma sugestão ou um presente. Tal foi a postura
do neurologista Oliver Sacks, do Reino Unido, ao completar 80 anos, poucos
meses atrás. Um terceiro destacado posicionamento é o da curiosidade e, neste
caso específico, o da curiosidade perante o papel sempre crescente da
tecnologia. Quem se ocupa do estimulante e enigmático tema é o Instituto para o
Futuro da Humanidade da Universidade de Oxford.
O
sueco Nick Bostrom é o diretor do centro. Esse filósofo e matemático considera
as três tecnologias que constituem, no seu entender, a grande promessa e/ou a
grande ameaça para a humanidade: a nanotecnologia molecular, a biologia
sintética e a superinteligência ou a mente superior ao atual cérebro humano. O
progresso tecnológico na sociedade global avança vertiginosamente. Constitui um
exemplo o Tech City, em Shoreditch, zona leste de Londres, que duplica a cada
ano.
O
Brasil progride em quantidade e em qualidade, sem ignorar as hipóteses e os
projetos avançados do Hemisfério Norte. A tecnologia quer ser mais pragmática e
adaptada à realidade social e científica circundante. Interessa a tecnologia
aplicada ao desenvolvimento que promove a inclusão digital, reduz as
desigualdades sociais e regionais, bem como aumenta a autonomia tecnológica e a
competitividade nacional. O que ontem parecia um sonho está sendo realidade
hoje.
Porém,
a tecnologia não é a panaceia para o progresso. Deve estar acompanhada das
humanidades e de uma visão transcendente que a complete. Steve Jobs, inovador,
empresário e líder das tecnologias da informação e da comunicação, afirmou sem
receios: “Trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates”.
Independentemente do posicionamento de cada um, vale olhar o futuro com bom
senso, otimismo e coragem sempre renovados.
*REITOR
DA PUCRS