23 de janeiro de 2014 | N° 17682
PAULO SANT’ANA
Que
se faz com os pelos?
Há 50 anos que ouço inúmeras pessoas reclamarem, mal chega
janeiro, de que o calor está insuportável.
Não as entendo. Verão é estação típica de calor e janeiro
está no centro do verão? Então, por que e de que se queixam?
Só teriam razão em se queixar do calor se estivéssemos no
inverno.
A empresa que fornece peças para o Fiat 147, informam-me,
está anunciando um recall.
Recall é substituição de peças com defeito.
Só que o Fiat 147 foi lançado em 1976 e saiu de linha em
1986.
Como é então que vêm com esse estranho recall?
Esses dias, um médico me chamou para fazer recall no meu
corpo e organismo.
Eu respondi a ele que não faria recall no meu corpo porque
eu já tinha saído de linha.
Um conhecido me procurou desolado: “Minha mulher, apesar de
bonita, sinto que já saiu de linha”.
E eu lhe disse prontamente: “Transfere tua mulher para mim
que eu mandarei fazer nela um recall e a assumirei”.
Admiro o talento de minha podóloga, Melissa, que trabalha na
Scholl, que se gaba de ser “especialista mundial no cuidado dos pés”.
O estratagema que minha podóloga usa para tratar de minhas
unhas encravadas é engenhoso: ela prende com cola na altura das duas margens
das unhas (nos meus dois dedões dos pés) dois pinos. E em seguida dá diversas
voltas num fio elástico entre os dois pinos, de modo que essa força chama o
crescimento das unhas para o meio, afastando-as das pontas.
Faz três meses que a podóloga Melissa vem tendo estrondoso
sucesso com minhas unhas antes encravadas.
E finalmente comunico que nunca vi ninguém com unhas das
mãos encravadas. Os culpados serão os sapatos?
Olho para a Santa Ceia e fico espantado: três dos seis
apóstolos de Cristo estão barbeados.
Não sei como se barbeavam esses três apóstolos, é certo que
não existia Gilette naquele tempo. Creio que nem a navalha havia sido
descoberta, talvez algo equivalente a ela, sim.
Falo isso porque me dizem que voltou a moda de homens com
barbas grandes. Acho que isso é acima de tudo uma medida de economia, por ela
deixam de gastar com lâminas e creme de barbear.
Além da incomodação que dá fazer a barba todos os dias.
Felizes das mulheres, que não têm barbas. Em compensação,
elas são obrigadas por estética e higiene a raspar os pelos das axilas.
As minhas axilas, por sinal, nunca as raspei, os pelos que
ali se localizam têm, portanto, cerca de 74 anos, só uso sabonetes para tratá-los,
mesmo sistema que utilizo com sucesso razoável nos pelos pubianos, que por
sinal são raspados por algumas mulheres que teimam em não cair em desuso.