quarta-feira, 15 de janeiro de 2014


15 de janeiro de 2014 | N° 17674
PAULO SANT’ANA

O gago chato

Está se tornando lendário e alcançando grande repercussão o encontro que tive na beira da praia em Garopaba com o gago Justino Bergamin.

Além de gago, o Justino era chato. E durou 35 minutos o nosso diálogo na areia da praia. Ele gaguejando e eu não ouvindo nada.

Ele enguiçava na fala, obviamente. Eu enguiçava todo o tempo, não ouvia nem sua fala nem seus silêncios.

Um guarda tentou intervir no nosso diálogo, mas foi em vão.

A palavra minha mais ouvida pelo gago era “hein?”.

O guarda escreveu num papel para eu ler que a expressão que o gago mais pronunciava era “isso eu já disse”.

Findos 35 minutos, o gago cansou de não se fazer ouvido e se retirou abruptamente, sem falar com ninguém: com a resistência vencida, perdeu a coragem para chatear outras pessoas.

Dizem em Garopaba que a convivência mais pacífica que existe na areia daquela praia se verifica próximo à Gelomel: é entre um surdo e um mudo que ficam tomando sol durante horas, deitados na areia, nenhum dos dois pronuncia qualquer palavra ou faz qualquer gesto, o mudo pela mudez e o surdo porque parece que o mudo não o interroga.

O guarda me disse, no dia seguinte, que o gago, cansado de encontrar surdos para chatear, prometeu que vai carregar junto consigo um aparelho de surdez, desses que se colocam nos ouvidos para escutar.

Sempre que for encontrar um surdo, o gago chato já vai enfiar nos ouvidos do surdo o aparelho.

Eu quero ver quem vai sintonizar o aparelho, torcendo aquela roldana que aumenta ou diminui o som, se o gago chato ou se o surdo.

Está ficando insuportável para o gago a convivência em Garopaba, ele estuda se mudar para Jurerê.

De um lado, o secretário da Segurança, Juarez Pinheiro, declara veementemente que “nenhum homicídio ocorreu no interior do Presídio Central durante os últimos três anos”.

Por outra parte, o juiz responsável pela fiscalização nos presídios gaúchos, Sidinei Brzuska, garante que aconteceram vários homicídios naqueles período e presídio. O juiz afirma que, para não chamar a atenção das autoridades para os homicídios, os presos que matam fazem com que os homicídios pareçam mortes naturais.

Mas o juiz e alguns promotores afirmam que não pode ser morte natural, por exemplo, o caso de um preso que teve as 10 unhas das mãos arrancadas totalmente, exatamente dentro do período em que o secretário substituto da Segurança aponta como com nenhum homicídio.


Morte natural? Quá, quá, quá, quá...!!!