Carlos
Heitor Cony
A ordem do
dia
RIO
DE JANEIRO - Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria
amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data
de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de
nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados
desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue
enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.
Meus
camaradas: A data de hoje deve ser comemorada por todos nós, com os corações
exultantes de amor e reconhecimento à pátria estremecida que nos viu nascer,
berço de nossos mais lídimos anseios, de cuja guarda somos tutores, de cuja
segurança somos defensores, e por cujo futuro somos responsáveis. Em nosso
peito jamais se aninhará o medo. Não fugiremos jamais!
Meus
camaradas: A hora é sobremaneira sombria. Nos horizontes (pigarro) de nossa
estremecida pátria surgem as nuvens da borrasca. Temos inimigos internos e
externos, laterais e profundos que tramam contra a nossa soberania. Não
consentiremos que os traidores da pátria e os vendilhões da nacionalidade
conspurquem a nossa imaculada bandeira e as nossas históricas tradições
cristãs.
São
os lacaios do bolchevismo internacional que procuram solapar as nossas
instituições, a fim de banir de nossos céus cerúleos o sacrossanto Cruzeiro do
Sul que o Criador houve por bem gravar para nosso exemplo e glória. Não
consentiremos que cruéis demagogos arranquem de nossos céus o lábaro que nos
engrandece como nação e como povo.
Ao
rufar dos tambores, ao espocar dos obuses, o mundo conhecerá o valor e a glória
do soldado brasileiro, lídimo herdeiro de Caxias. Não conclamamos os camaradas
à luta. Conclamamo-los (pigarro) à vitória! Disse.