quinta-feira, 4 de janeiro de 2018



04 DE JANEIRO DE 2018
POLÍTICA

Jefferson conquista ministério para filha

EX-ALIADO DO PT e hoje defensor da reforma da Previdência, ex-deputado manteve PTB no Trabalho
Opresidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, demonstrou a força que tem dentro de seu partido ao conseguir emplacar a filha, a deputada federal Cristiane Brasil (RJ), como ministra do Trabalho. O nome foi confirmado após reunião com o presidente Michel Temer, ontem, no Palácio do Jaburu.

A definição resolveu impasse criado com a rejeição do primeiro indicado pela sigla, o deputado Pedro Fernandes (MA), que foi vetado por divergências com o ex- presidente José Sarney (PMDB).

Na saída da reunião com o presidente, Jefferson chorou ao falar sobre a filha. Disse que a nomeação dela significa "um resgate" da família após o envolvimento dele no mensalão.

- Estou com orgulho e surpreso. É emoção que me dá. É um resgate - afirmou, em lágrimas.

Embora a carreira política de Cristiane tenha influência direta do pai, Jefferson negou que a indicação tenha sido dele. Disse que "o nome surgiu" no encontro com o presidente, do qual também participou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A escolha também teria o aval da bancada do PTB na Câmara.

Esta não é a primeira vez que o PTB discute o nome de Cristiane para o governo. Em julho, após a deputada fazer discursos na Câmara contra a primeira denúncia criminal que atingiu Temer, ela chegou a ser cotada para o Ministério da Cultura, mas o nome foi rejeitado pelo Planalto.

Desta vez, para assumir o novo cargo, Cristiane se comprometeu a abrir mão da candidatura à reeleição, embora já estivesse planejando a campanha eleitoral. A deputada é considerada uma das principais forças do partido no Rio de Janeiro, ainda que tenha sido apontada por um delator da Odebrecht como beneficiária de repasse ilegal de R$ 200 mil. Em abril do ano passado, quando a informação foi divulgada, ela negou envolvimento e disse que se tratava de "comentário sem qualquer prova".

TEMER PRECISA ENCONTRAR TITULAR PARA A INDÚSTRIA

Jefferson, por sua vez, vai concorrer à Câmara 12 anos após ter o mandato cassado pela Casa, em meio à crise do mensalão. O presidente do PTB também foi condenado a sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ficou preso por menos de dois anos e teve a pena perdoada.

A saída de Ronaldo Nogueira (PTB-RS) do Ministério do Trabalho criou um embaraço para o governo. O primeiro nome indicado pelo partido, de Fernandes, foi vetado devido à proximidade com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), adversário político da família Sarney.

Ao comentar o caso, Jefferson admitiu que a interferência gerou mal-estar na bancada do PTB na Câmara. Afirmou, no entanto, que a situação não deve mudar a relação de seus correligionários com o governo - o PTB é um dos principais apoiadores da reforma da Previdência.

Resolvida a nomeação no Trabalho, a partir de hoje o presidente Temer deve discutir o novo responsável pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Ontem, Marcos Pereira (PRB) pediu demissão da pasta, alegando que irá concorrer à Câmara. Pereira garantiu que o PRB seguirá apoiando as reformas do governo.

matheus.schuch@gruporbs.com.br - MATHEUS SCHUCH RBS BRASÍLIA