quinta-feira, 25 de janeiro de 2018


Morre Ursula K. Le Guin, ícone da ficção científica


ESCRITORA AMERICANA publicou clássicos como A Mão Esquerda da Escuridão

Uma das mais famosas autoras de ficção científica da história, a americana Ursula K. Le Guin morreu na segunda-feira em sua casa em Portland, nos Estados Unidos, aos 88 anos. Le Guin ganhou fama com a série O Feiticeiro de Terramar, iniciada no final dos anos 1960, em que um aprendiz de feiticeiro luta contra os poderes do mal décadas antes de Harry Potter fazer o mesmo.

"Com profundo pesar, a família de Ursula K. Le Guin anuncia sua morte em paz ontem à tarde", indicou um breve comunicado, publicado na terça-feira em sua conta no Twitter.

O filho da escritora, Theo Downes-Le Guin, não especificou a causa da morte, mas afirmou que a mãe vinha sofrendo de problemas de saúde havia meses. Após o anúncio, a escritora foi homenageada na internet por escritores e pensadores, como Stephen King, Neil Gaiman, John Scalzi, Laurie Penny e Guy Gavriel Kay.

Educada no Radcliffe College de Massachusetts e na Universidade de Columbia, em Nova York, Le Guin era especialista em antropologia. Seu pai, Alfred Louis Kroeber, era um etnólogo conhecido por seu trabalho com índios americanos. Ela nasceu em 21 de outubro de 1929 em Berkeley, Califórnia, e depois se radicou em Portland, Oregon, no noroeste dos Estados Unidos. Casou-se com o historiador francês Charles Le Guin, com quem teve três filhos e quatro netos.

OBRA FOI TRADUZIDA PARA MAIS DE 40 IDIOMAS

Le Guin abraçou os temas dos gêneros que escolheu: feitiçaria e dragões, naves espaciais e conflitos planetários. Mas mesmo quando seus protagonistas são do sexo masculino, eles evitam a postura machista de tantos heróis de ficção científica e de fantasia. Os conflitos que enfrentam são tipicamente enraizados em um choque de culturas e são resolvidos mais pela conciliação e por autosacrifício do que por espadas ou batalhas espaciais.

Os livros de Le Guin foram traduzidos para mais de 40 idiomas e venderam milhões de cópias. Vários, incluindo A Mão Esquerda da Escuridão (Aleph), que se passa em um planeta onde as distinções de gênero habituais não se aplicam, foram impressos por quase 50 anos. O crítico Harold Bloom classificou a escritora como "uma criadora soberbamente imaginativa e uma grande estilista" que "colocou a fantasia na alta literatura em nosso tempo". Entre os prêmios recebidos por Guin, destaca- se, em 2014, a medalha pela contribuição às letras americanas, da National Book Foundation.

Além dos mais de 20 romances, Ursula K. Le Guin escreveu vários livros de poesia, mais de cem contos, sete coleções de ensaios, um guia para escritores, 13 livros para crianças e cinco volumes de tradução, incluindo Tao Te Ching de Lao Tzu e poemas selecionados pela chilena Gabriela Mistral, ganhadora do Nobel.