sexta-feira, 5 de janeiro de 2018


Perspectivas 2018 



Sim, a gente está careca de saber que, no Brasil, até o passado é imprevisível, que não dá para fazer profecias e perspectivas nem em relação ao tempo que foi. Semana passada falei do imprevisível 2017, com suas extremidades e intensidades marcantes. O ano já foi, com suas temeridades, seus debates, controvérsias, escândalos e delações do fim do mundo, que, felizmente, não acabaram com o planeta.

Ninguém acabou o planeta, em 2017, e o Internacional, como se sabe, retornou para a série de onde não deveria ter saído. O tempo e o mundo não terminaram. O último dia do ano não foi o último dia do tempo e a terra segue rodando em volta do sol. Grande novidade. Depois das farras gastronômicas e das esbórnias etílicas, quem pode vai para a praia ou para a serra descansar, enquanto outros seguem tocando os barcos. A vida continua nas ruas, enquanto uma bala perdida não a acabe.

As pessoas estão procurando ter esperança em 2018. Esperança do verbo esperançar, e não apenas ficar esperando o Godot e algum maná que caia do céu, em forma de chuva, mandado por Deus. Na economia, os economistas, empresários e jornalistas do ramo apostam em continuidade do crescimento para 2018 e muitos falam que a economia se descolou da política, o que é bom, do jeito que nossa política anda.

Espera-se que os governos não fiquem atrapalhando a vida dos contribuintes, pessoas físicas e jurídicas. Os políticos, os governantes e as autoridades de toga têm alguns meses antes das eleições de 2018 para tentar mudar a imagem que está aí. As urnas, com voto impresso, podem mandar muitos para casa. Eles que pensem bem, como disse o outro, na porta da casa de político sem mandato só o vento bate.

Na área cultural, seguiremos com muitos shows - Andrea Bocelli é uma das celebridades que vão pintar por aí. Música, artes plásticas, cinema, literatura, teatro e outras atividades culturais ainda constituem o que temos de melhor. Ah, tem o futebol, claro, e aí tomara que os cartolas não pisem, literalmente, na "bola", que, como se viu, os homens da toga e a cana dura podem pegar forte.

Tomara que os censores de plantão fiquem quietinhos, paradinhos. Você conhece algum censor que tenha entrado para a História? Tomara que os vários segmentos da sociedade e as dezenas de países do mundo consigam se entender, ao menos um pouco, em 2018, com suas muitas e diversas demandas. Tomara que a gente consiga pensar mais no bem comum do que nos interesses individuais. Tomara que a gente tenha mais Brasil e menos Brasília em 2018.

Tomara que, neste ano, o tráfico e o consumo de drogas diminua e, aí, caiam os índices de criminalidade, que nos deixam atarantados. Tomara que as fake news em 2018 sejam só do bem e que nas redes sociais haja menos ódio e ofensas. Tomara que o Inter coloque muitas faixas no peito e troféus na sala em 2018. Espera-se que no ano novo no Oriente e no Ocidente haja mais entendimento e solidariedade.

a propósito...

O título deste texto é Perspectivas 2018, mas vocês certamente notaram que, depois de algumas linhas, ao invés de falar em perspectivas, comecei a falar em desejos e esperanças. Pensando bem, acho que é melhor assim. Melhor falar em bons desejos, sonhos e esperanças do que meramente arriscar profecias e perspectivas para o ano novo.

Perspectiva é melhor na óptica, no desenho e na pintura, por exemplo. O futuro a Deus e a nós pertence. Com grandes ou pequenos atos no cotidiano, na pequena ou na grande História, podemos pensar em sermos melhores, dentro um planeta mais limpo, pacífico e aceitável.

De qualquer jeito, melhor prever bom, ótimo 2018 e é isso que desejo a menos oito ou nove fiéis e queridos leitores. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/01/colunas/livros/604372-francisco-de-araujo-reconta.html)