Mandela, os anos de presidência
Nesse mundinho globalizado, pós-moderno, digitalizado, dividido e tumultuado em que sobrevivemos estamos carentes de referências, ideais, partidos, ideologias e pessoas que tenham consistência algo sólida e durabilidade maior do que um sorvete exposto ao sol. Como diz o título do livro clássico, de Marshall Berman, grande crítico da modernidade, Tudo o que é sólido desmancha no ar.
A cor da liberdade - Os anos da presidência (Editora Zahar, 472 páginas, tradução de Denise Bottmann), de Nelson Mandela e Mandla Langa, há poucos dias lançado no Brasil, relata os anos em que Mandela liderou a África do Sul, de 1994 a 1999, depois de ter sido o primeiro presidente democraticamente eleito de seu país. Nelson Mandela ficou na prisão por 27 anos, transformando-se em símbolo da resistência ao apartheid.
Libertado em 1990, três anos depois recebeu o Prêmio Nobel da Paz e entrou definitivamente para a história como um dos maiores homens do século. O livro tem como espinha dorsal as memórias que Mandela - ou Madiba -, começou a escrever quando se preparava para deixar o cargo mas que não conseguiu terminar. Coube ao premiado escritor sul-africano Mandla Langa completar a tarefa, utilizando o rascunho inacabado, as notas detalhadas de Mandela e um rico e inédito material de arquivo.
A viúva do ícone, Graça Machel, escreveu o prólogo. "A verdade é que ainda não somos livres; alcançamos apenas a liberdade de sermos livres, o direito de não sermos oprimidos. Demos não o passo final de nossa jornada, mas o primeiro numa estrada mais longa e ainda mais difícil. Pois ser livre não é apenas se desvencilhar dos grilhões, mas viver de uma maneira que respeite e fortaleça a liberdade dos outros.
O verdadeiro teste de nossa dedicação à liberdade está apenas começando", são palavras de Mandela na passagem final da autobiografia Longa caminhada até a liberdade, que estão adequadamente na epígrafe desta obra, que bem mereceu o título de Livro do Ano, atribuído pelo jornal The Guardian. A obra mostra como Mandela preferiu a esperança ao medo, como deixou seus demônios para trás e, livre, mostrou que alguns seres são insubstituíveis e se tornam líderes que inspiram a África e o mundo.
lançamentos
O mistério do carimbo mágico (Metamorfose, 134 páginas), narrativa infantojuvenil da escritora e professora Cláudia Sepé, autora de Histórias de Taiwan, fala de Pedro Henrique, que foi mal nas avaliações escolares e aí foi enviado para o sítio do avô, no interior de Minas Gerais. Na biblioteca da casa, um segredo: um objeto mágico com vontade própria muda sua vida. Mudar está em nossas mãos, é a síntese da história.
Remorsos para um cordeiro branco (Penalux, 132 páginas, tradução de José Eduardo Degrazia), da cubana Reina Maria Rodrigues, professora universitária, grande escritora e crítica literária, traz versos iluminados e cubaníssimos como "Só cheguei a ser quem sou/quando soube que algo morria por dentro/onde morava em pequeno espaço do peito/um cordeirinho branco/que me lambia aos gritos ".
A reinventora de histórias (Libretos, 16 páginas, R$ 25,00), narrativa infantil da bióloga e escritora Marcia Mocellin, com ilustrações da arquiteta, ilustradora e artista plástica Suzel Neubarth, traz a protagonista Heleninha, que adora ler histórias com sua avó. De tanto ler, Heleninha recria a história do lobo e dos três porquinhos e convida os leitores a também recontarem. Quem conta um conto, aumenta um ponto... -
Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/08/641429-mandela-os-anos-de-presidencia.html)