segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019



18 DE FEVEREIRO DE 2019
ARTIGOS

CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA

A política internacional é marcada por ondas de convergência e divergência de ideias. Dos anos 1950 até o fim da década de 1970, a disputa política nos países desenvolvidos foi marcada pela convergência. As eleições pareciam uma disputa do tipo Pepsi versus Coca- Cola. Na Inglaterra, por exemplo, votar no partido conservador ou no partido trabalhista não representava uma alteração radical na forma de conduzir o governo. O mesmo poderia ser dito para os EUA ou para a França.

No início dos anos 1980, essa convergência de ideais foi desafiada. Nos EUA e no Reino Unido, surgiram, e foram vitoriosas, propostas mais radicais à direita, enquanto que na França a opção foi por uma guinada mais forte à esquerda. Reagan, Thatcher e Mitterrand não faziam parte da convergência anterior. No Reino Unido e nos EUA, houve corte de impostos, privatização e redução do tamanho do Estado. Por outro lado, a França implementou um processo de nacionalização dos bancos e da indústria pesada, elevando a participação e o controle do Estado na economia.

Os resultados econômicos são conhecidos. Enquanto os EUA e o Reino Unido cresceram rapidamente com inflação relativamente baixa, a França ficou em "estagflação", com elevado desemprego. Pressionado pelos resultados, Mitterrand adere à nova convergência em 1985 e consegue se reeleger em 1988. Criava-se, então, uma nova convergência de ideias que perdurou até recentemente. No Reino Unido, nos EUA e na França, respectivamente, trabalhistas convergiram para conservadores, democratas se assemelharam aos republicanos e socialistas pareciam golistas.

Estamos, novamente, em um momento de divergência. No Reino Unido, há indefinição, mas Macron e Trump são o resultado dessa nova divergência, que, agora, não se restringe a questões econômicas. Temos que esperar pelo veredito da História para saber quem fez a escolha correta: americanos ou franceses. Mas é importante salientar que, em momentos de divergência, fazer as opções erradas tem grandes custos econômicos e sociais. Atualmente, há muito risco envolvido em nossas escolhas. Cuidado!

PhD em Economia e professor titular na UFRGS msp@ufrgs.br - MARCELO S. PORTUGAL

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