sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019


Jaime Cimenti
A mulher na colônia italiana 

Muito já se falou e escreveu sobre a grande importância da mulher na região colonial italiana. Elas foram essenciais, vitais para o desenvolvimento da imigração. 

A força de trabalho, a determinação, a religiosidade, a forte vocação maternal e a energia das italianas, após quase 150 anos da chegada no Brasil, deixaram marcas indeléveis e são inspiração para lembranças, trabalhos, estudos e pesquisa, especialmente em universidades. Faces da mulher na região Colonial Italiana (Coan Gráfica, 136 páginas), de Maria Cristina Filippon, professora universitária e da rede pública estadual, natural de Bento Gonçalves, psicóloga e mestre em Letras e Cultura Regional pela UCS, vem somar-se, com muito brilho, à bibliografia sobre o tema. 

Maria Cristina trata da sociedade, cultura e região, da linguagem dos provérbios, da presença feminina na região colonial italiana, da psicologia analítica, da figura feminina e esboça um perfil psicológico, apresentando arquétipos. Em seus estudos, a autora propõe um diálogo interdisciplinar envolvendo psicologia, história, sociologia e linguagem, com vistas a caracterizar por inteiro a mulher imigrante. A autora mescla bem conhecimento científico e acadêmico com a realidade social e nos apresenta novidades sobre um tema importantíssimo. 

Na apresentação, escreveu o psicólogo e professor Antenor Cattani: "Maria Cristina, de forma inteligente, intuitiva e crítica, lança um olhar sensível e não menos profundo, sobre a região colonial italiana, na construção do perfil psicológico da figura feminina através dos provérbios dialetais. 

Percorrendo a história dessa região, seu progresso e desenvolvimento, a autora faz uma relação entre a literatura e psicologia analítica, da caminhada, da participação incontestável da figura feminina, que, por muitas vezes, era vista meramente com um papel secundário no cenário dos acontecimentos. 

Mas a história foi sempre construída por pessoas nada razoáveis. Na verdade, o inconsciente sempre mandou no consciente, sobretudo, quando se trata de escolhas e, como muito bem diz a autora desse livro, a figura feminina do passado foi o que promoveu o despertar da mulher do presente dessa região. 

E, fazendo uma análise da aproximação das diferenças entre homens e mulheres, traz junto de si, a possibilidade de aliviar uma das grandes angústias da existência: a incompletude humana." Os provérbios dialetais italianos sintetizaram os sentimentos e o conhecimento, os saberes, fazeres e poderes e foram muito bem utilizados por Maria Cristina Fillipon para apresentar novos ângulos das faces das mulheres que, junto com esposos, filhos, parentes e vizinhos, construíram tanta beleza, riqueza e nos deixaram exemplos e lembranças imorredouros.   

A propósito... 

Acima de tudo a bela, profunda e bem embasada obra de Maria Cristina, ao entrelaçar a psicologia, a sabedoria proverbial dialetal e as vidas e trajetórias das mulheres da região colonial italiana, releva que da dignidade, da coragem, iniciativa, planejamento, dinamismo, generosidade, racionalidade e força das mammas e nonnas se originou o futuro das filhas, netas e bisnetas que podem escolher vidas, caminhos e profissões. 

O suor, as lágrimas, o sangue, a vitalidade e o profundo amor das mulheres da região italiana pela família, trabalho, religião e pela vida não foram, absolutamente, em vão. Ao contrário, representam o que herdamos e temos de melhor, o que jamais esqueceremos. - 

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2019/02/669940-doutor-fausto-a-tragedia.html)

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