ELIANE CANTANHÊDE
É hora
de novos Jefferson
BRASÍLIA - Fim da dosimetria do mensalão, enredo de gato e
rato no Senado e surgimento de novos personagens do escândalo Rose a cada dia. Uma
fartura de temas.
No derradeiro dia da dosimetria, inverteram-se as posições,
com o duro presidente/relator Joaquim Barbosa amenizando a pena do delator
Roberto Jefferson em um terço e o flexível revisor Ricardo Lewandowski acusando
o réu de "colaboração zero". Venceu Joaquim mais uma vez.
No Senado, o relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT),
recua para retirar o procurador-geral Roberto Gurgel e o jornalista da revista "Veja"
de um alvo onde não deveriam estar. Não satisfeitos, o PSDB pressiona para
aliviar a barra do governador Marconi Perillo, e o PMDB, a do dono da Delta. Quanto
antes esse espetáculo tétrico terminar, melhor.
E a turma da Rose, ou Rosemary Noronha, a poderosa ex-chefe
de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, tem ramificações na Anac
(aviação civil), na ANA (águas), na Antaq (transportes aquaviários), na
Secretaria de Portos e na Advocacia-Geral da União. Por enquanto...
Se as lideranças governistas no Senado deram um jeitinho de
aprovar o duplamente reprovado Paulo Vieira para a ANA, agora move montanhas
para evitar convocar Paulo, o irmão dele da Anac, Rubens Vieira, o segundo da
AGU, José Weber Holanda, e a própria pivô Rose.
Ué?! Por quê? Se Dilma afastou todo mundo e preza a transparência,
que deixe que eles falem. Quem sabe um deles não venha a ter redução de um terço
da pena, como Roberto Jefferson? Isso, sim, é uma faxina, passando tudo a limpo
e garantindo que não continue nem se repita.
É interessante, aliás, como a história de Rose entrelaça
novos personagens e outros de velhos carnavais, como o ex-senador Gilberto
Miranda e o eterno presidente do PL/PR, Valdemar Costa Neto, réu do mensalão.
Isso só comprova: se é para moralizar, não basta demitir
pessoas, é preciso explodir os esquemas.