ELIANE CANTANHÊDE
Rose
BRASÍLIA
- Enquanto José Dirceu atiçava a militância do PT para ir "às ruas"
defender os condenados do mensalão, a Polícia Federal prendia no escritório da
Presidência da República em São Paulo a super Rose, que trabalhou com Dirceu
por 12 anos, assessorou o presidente Lula e está metida até a alma em histórias
do arco da velha.
É
estranho, assustador, como o tempo vem revelando o que estava por trás daquela
equipe tão dedicada, meio heroica, que assessorava Dirceu nas CPIs contra
Collor e nas alianças com o Ministério Público e a imprensa e nos vazamentos de
estatais contra adversários, quaisquer que fossem.
Erenice
Guerra se enrolou com tráfico de influência na Casa Civil e deu no que deu.
Valdomiro Diniz foi filmado pedindo propina para o bicheiro Carlinhos Cachoeira
e virou uma alma penada na vida de Dirceu. Agora essa Rosemary Noronha, cheia
de mistérios e de poder.
Secretária,
não era uma simples mequetrefe. Promovida a chefe de gabinete, tinha lugar
cativo nas viagens de Lula, cobrava plásticas, pacotes em cruzeiros e dinheiro
em espécie para dar uma mãozinha em processos. Investia-se -ou era investida-
de inexplicável poder.
Como
é que uma secretária, ou assistente, ou chefe de gabinete nomeia diretores da
ANA, a agência de águas, e da Anac, de aviação civil? Como exige que o Senado
aprove alguém rejeitado em duas votações? E será que é mera coincidência
justamente esses dois diretores serem presos agora com Rose?
Outro
"detalhe" é o emblemático escritório da Presidência da República em
São Paulo, onde o ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma se reúnem com
Antonio Palocci, demitido no governo de um e depois no da outra por histórias
nunca muito bem explicadas.
Em
todo esse enredo, aplausos para a independência da Polícia Federal e do
Ministério da Justiça. Que continuem revelando ao país quem é quem, "duela
a quem duela"