25
de novembro de 2012 | N° 17264
PAULO
SANT’ANA
A solidão
Na
verdade, gostamos de ficar acomodados. Nos recusamos a mudar.
E,
para andar para a frente, saindo do marasmo, tem que mudar.
E
nem vou falar da principal mudança a que devia me submeter: parar de fumar. Só
isso me ajudaria a subir 1.800 colinas.
Mas
tenho que mudar outras coisas. Por exemplo, tenho de parar imediatamente de
julgar os outros.
Os
outros são os outros, eles têm seu destino. Não tenho nada que tentar mudá-los,
eu é que tenho de mudar.
Nem
falo que tenho de mudar muitos hábitos meus, talvez nisso esteja até a solução.
Dentro
disso, a principal mudança que, vejo, me favoreceria grandemente é que preciso
aprender a ser só. Isso no sentido de que a maioria das minhas encrencas
acontece porque me atiro desesperadamente a fazer certas coisas para não ficar
quieto num canto, lendo um livro, praticando natação.
Nada
disso, eu me impaciento e saio para cometer bobagens e coisas que me causam
danos.
Nunca
aprendi a ter paciência. Eu tinha de fazer ioga, meditação, tinha de aprender a
ter paciência e não me exasperar com a solidão.
Todo
o meu defeito reside em que me recuso a me encontrar comigo próprio. Eu fujo de
mim e, sendo assim, procuro prazeres que muitas vezes se tornam vícios.
E
sempre que fujo de mim me arrebento nos rochedos rudes da minha impaciência.
Acontece
que a gente tem de se acostumar muitas vezes com o tédio. O tédio e a tristeza
são componentes da vida. Não dá para querer driblá-los, isso nos leva a cometer
desatinos.
Se o
tempo é de tédio e de tristeza, temos de suportá-lo, até que as coisas
melhorem.
Mas,
mal nos defrontamos com o enfado, já queremos fugir dele e acabamos ingressando
num mal maior.
No
meu caso, tecnicamente não consigo ficar em casa. Acho que na rua tem coisa
melhor.
Eu
me lembro de quando cantava em bares musicais e atingíamos, os que cantavam e
os que ouviam, determinados êxtases. Então, eu falava à plateia: “Quero dizer a
vocês que, com absoluta certeza, aqui onde estamos está muito melhor do que na
nossa casa”. As pessoas me aplaudiam, mas isso fazia com que passássemos a
detestar as nossas casas.
E,
na verdade, um dos segredos da nossa existência é criarmos em nossas casas um
ambiente que nos seja favorável.
É um
segredo buscarmos e acharmos prazeres dentro da solidão do nosso lar.
Caiu
Mano Menezes da Seleção. Como demoraram para demiti-lo! E o fizeram num momento
em que, sob certo aspecto, ele se afirmava.Para mim, a CBF quer reservar para
Luiz Felipe Scolari o lugar de técnico da Seleção.
Há
muito, então, tinham de tê-lo colocado no posto. Perderam tempo valioso.
E
todo mundo cogita agora de Mano Menezes no Internacional.