Jaime
Cimenti
A boa notícia: vestibular para
jornalismo
Jornalistas
e jornais não se ligam muito em boas notícias. Preferem coisas mais fortes,
catástrofes ou histórias esquisitas tipo
o poste fazendo xixi no cachorro ou o mendigo dando dinheiro para os passantes.
Nos últimos anos, ou décadas, o vestibular da Ufrgs tem uma notícia boa: o
curso de Jornalismo é dos mais concorridos.
Este ano, só Medicina e Psicologia (diurno e
noturno) têm mais candidatos por vaga que Jornalismo. São 18,32 candidatos por
vaga. Os pais dos aspirantes ao Jornalismo talvez fiquem preocupados, mas não
deixa de ser boa notícia tantos jovens estarem interessados numa profissão que
tem problemas sérios de mercado de trabalho, salários modestos, questões
ligadas à liberdade de imprensa e tal.
O
fascínio pela mídia e pelo trabalho jornalístico é antigo, aqui e no resto do
mundo. Certo que, especialmente este ano, com o mensalão e outros
acontecimentos, a mídia cresceu quantitativa e qualitativamente, inspirando
vocações, mas o fato é que encanta ver a
gurizada indo atrás de sonhos, ideais e de uma função social importante como o
Jornalismo. A meninada sabe das dificuldades mas não se deixa abalar.
Vai
em frente. Não se entrega. Nos meios eletrônicos, impressos, onde for, os
jovens querem dar sua contribuição, colocar sua impressão digital na história,
fazer parte da caminhada da humanidade na busca de vida e mundo melhores,
democracia, liberdade, ética e tantas outras coisas.
Claro,
há quem pense em outras facetas da profissão e derive para caminhos tortuosos e
jabás da vida. Mas acredito que a maioria dos vestibulandos pensa em empunhar
as boas bandeiras do ofício, e isso dá esperança para todos nós. Sem
jornalistas e mídias, o mundo não teria se desenvolvido tanto, tão rapidamente
e tão livremente.
Sem
jornalistas o mundo não teria tanta graça. Há quem diga “the price of sucess,
is the press” ou quem tenha medo ou raiva de jornais e jornalistas. Normal. Há
quem se irrite muito com determinadas notícias, com a liberdade de imprensa e
resolva comprar um jornal só para si, para exercer poder. Há quem pense que
jornalistas só devem divulgar boas notícias e prestigiar os que estão podendo.
Temos
tudo, no mundo, inclusive países que ainda censuram a imprensa. Melhor é pensar
nestes 916 jovens de cara limpa que estão atrás das 50 vagas de Jornalismo na
Ufrgs e desejar-lhes sorte, alegria, garra, competência e força para enfrentar
o futuro, que não vai ser mole.
Lembrar-lhes
que tudo vale a pena quando a alma não é pequena, como disse o Fernando Pessoa.
Jaime
Cimenti