quarta-feira, 13 de dezembro de 2017


13 DE DEZEMBRO DE 2017
DAVID COIMBRA

Os melhores do Grêmio Kannemann e Geromel

Omuro que barrou os mexicanos não foi levantado por Donald Trump; foi construído pedra por pedra, cabeçada por cabeçada, antecipação por antecipação, dividida por dividida, pela dupla Kannemann e Geromel.

Que atuação soberba desses dois zagueiros. Kannemann, não por acaso, é um zagueiro com quatro enes, todos eles dizendo: "Não passarão!".

E Geromel, o que é isso, Geromel? Como é possível um zagueiro jogar como ele jogou nesta noite das Arábias? Geromel foi perfeito, invencível e, principalmente, incomparável, porque nem Adilson, o Capitão América, nem De León, que manchou a taça com seu sangue, nem Oberdan ou Ancheta e talvez nem mesmo o histórico Aírton Ferreira da Silva, o Pavilhão, tenham, alguma vez, jogado uma partida tão assombrosa como jogou Geromel.

Geromel é o Homem-Borracha. O atacante pensa que o driblará, arranca em velocidade, já está lá na frente e, de repente, um pedaço de perna do zagueiro faz um contorno inverossímil e recupera a bola. Ninguém entende como ele faz isso, mas ele faz. Sempre faz. Será Geromel um X-Man? Um mutante?

Talvez o Grêmio nunca tenha formado uma zaga como Kannemann e Geromel. Eles se entendem de tal maneira, que parecem irmãos. Ontem, quando Kannemann levou o cartão amarelo, Geromel passou a se arriscar mais, a sair para o combate, e protegeu o companheiro. Assim, Kannemann, bem coberto, podia simplesmente afastar a bola, quando ela ousava rondar a área do Grêmio.

Kannemann e Geromel são dois em um: uma só defesa, uma rocha. Um muro.

Jael, o Tanque

Nos anos 50, o Grêmio tinha um centroavante chamado Juarez, codinome, "o Tanque". Era um jogador forte, retaco, que irrompia no meio dos zagueiros e empurrava a bola para dentro do gol sem considerações. Quando o habilidoso meia Gessy lhe dava um passe preciso, ele pedia:
- Não dá no meu pé, dá entre eu e o zagueiro.

Era o que Gessy fazia, e o Tanque, então, passava por cima da defesa adversária com suas pernas que pareciam esteiras de aço.

Ontem, Jael incorporou o Tanque. O Pachuca tinha um zagueiro grande e forte, González, que, com seu corpanzil, não deixou Barrios tocar na bola. Quando Jael entrou, a história se inverteu. O zagueiro grandalhão, agora, tinha alguém do seu tamanho para enfrentar.

Jael correu tanto, esforçou-se tanto, bateu-se tanto contra a defesa mexicana, que, no fim do segundo tempo, a torcida gritou seu nome - deferência que não foi feita a nenhum outro jogador. Merecido. Jael jogou como se nunca mais fosse jogar.

Raminiesta

Houve Kannemann e Geromel perfeitos, houve Cortez salvador, houve o tanque Jael, houve o predestinado Everton, mas houve também Ramiro, que o Duda Garbi chama de "Raminiesta".
Poucos veem a importância de Ramiro, mas foi ele quem equilibrou o meio-campo.
Com sua altura de jóquei, Ramiro postou-se na frente da área e, ali, parecia um gigante. Vermelho de tanto esforço, os olhos saltando das órbitas, o peito arfante, Ramiro tornou-se o pulmão do meio-campo. São jogadores assim que fazem um time campeão.
DAVID COIMBRA