20 DE DEZEMBRO DE 2017
RBS BRASÍLIA
Tragédia brasileira
Oano de 2017 ficará marcado pelo esvaziamento forçado da Lava-Jato e o ministro do STF Gilmar Mendes tem papel de destaque nesta operação abafa. Nos últimos dias, além de mandar soltar Adriana Ancelmo, a mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, ele concedeu liminar, proibindo a condução coercitiva em todo o país. Uma decisão que desagradou a parte dos ministros do Supremo que identificam na ação uma forma de enfraquecer as investigações. Esse não é assunto para ser resolvido às vésperas do recesso. Controversa, a condução coercitiva merece ser analisada e submetida ao plenário. Diante da medida, um fiel aliado do presidente Michel Temer na Câmara disse à coluna:
- As coisas estão voltando ao seu lugar.
Se para os alvos da Lava-Jato a sensação é de alívio, dentro da mais alta corte o clima não poderia estar pior. Os ministros estão divididos em dois grupos. O duelo de palavras entre Mendes e o ministro Luís Roberto Barroso, na última sessão, é o retrato de um plenário constrangido. Diante das críticas de Mendes ao trabalho do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, Barroso desabafou:
- Vivemos uma tragédia brasileira, a tragédia da corrupção que se espalhou de alto a baixo sem cerimônia.
Apesar das resistências da equipe econômica, o governador José Ivo Sartori desembarca hoje em Brasília para assinatura do pré-acordo do regime de recuperação fiscal do Estado junto à União. O presidente Michel Temer deve participar do ato político. O parecer da Advocacia-Geral da União vai viabilizar o acordo. O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) foi o padrinho desse acerto.
Líderes do PMDB nos Estados saíram indignados da convenção, que não abriu espaço para a manifestação dos descontentes. A inútil retirada do P do nome do partido irritou ainda mais quem exige mudanças mais profundas:
- Não adianta mudar o nome da loja. Tem que mudar o dono - reclamou o deputado catarinense Mauro Mariani.
O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) vai aproveitar reunião do PP amanhã para cobrar do partido o desembarque do governo Sartori. Disposto a concorrer ao governo do Estado, Heinze quer a garantia de comprometimento com a candidatura própria da legenda.
CAROLINA BAHIA