23 DE DEZEMBRO DE 2017
VITIVINICULTURA
Relação reforçada com a religião
Um ponto une a maioria dos fabricantes de vinhos de missa: a forte ligação dos produtores com a religião católica. Na Serra, muitos dos vitivinicultores que começaram no segmento eram próximos aos padres de suas comunidades ou do bispo de Caxias do Sul. Contudo, o caso da Frei Fabiano, de Vila Flores, é único. Na vinícola dos freis capuchinhos, os religiosos fazem a bebida.
O nome da vinícola é uma homenagem a Fabiano Cavalca, frei que começou a elaborar vinhos a partir da década de 1950. O rótulo para missa, porém, surgiu apenas nos anos 1970. Hoje, o volume é de 50 mil litros anuais e é um dos campeões de vendas da marca.
- O vinho de missa representa um quinto da produção total de 250 mil litros. Tem uma procura grande, inclusive por parte dos turistas que vêm até nossa pousada. Eles veem o vinho e ficam curiosos ao saber que é utilizado na missa - conta o frei Cleonir Dalbosco, administrador do complexo que, além da vinícola, conta com pousada e cantina.
Com 32 hectares de vinhedos, a Frei Fabiano utiliza entre 70 e 80 toneladas de uva para elaborar um lote do vinho litúrgico. As garrafas e os garrafões são comercializados principalmente na Serra, mas também há saída para outras regiões do Rio Grande do Sul e para os demais Estados da Região Sul.
Já a Don Affonso, de Caxias do Sul, há 40 anos passou a fabricar esse tipo de vinho para suprir demanda dentro da família. O fundador do negócio, Affonso Gasparin, tinha um filho sacerdote, que lhe encomendou a bebida para utilizá-la nas missas. O produto, entretanto, não está no portfólio comercial da empresa. Atualmente, a produção é destinada apenas para religiosos amigos dos Gasparin.
- O fundador sempre teve esse vinho e fazemos questão de manter a tradição. Às vezes, o pessoal de alguma igreja nos liga pedindo. Fornecemos para umas 10 igrejas em Caxias, Farroupilha e Flores da Cunha - diz André Gasparin, enólogo da empresa.
ENVELHECIMENTO EM BARRIS DE MADEIRA
Segundo Gasparin, o processo de produção segue o mesmo de décadas passadas. Um dos pontos mais emblemáticos é o envelhecimento nos tanques de madeira por sete anos antes do envase.
Além das vinícolas gaúchas, existem outros produtores de vinhos de missa espalhados pelo Brasil, como Adega Mazziero (São Paulo), Casa Geraldo (Minas Gerais) e La Dorni (Paraná).