20 DE JULHO DE 2018
+ ECONOMIA
FRUSTRAÇÃO DOMINA CENÁRIO NO PAÍS
O reduzido nível de confiança em diferentes setores da economia é mais um dos sintomas de que a tão aguardada reação na atividade caminha a passos cada vez mais lentos. Pesquisas apresentadas por entidades ontem ilustram o fraco otimismo em relação ao cenário do país.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou para 103,9 pontos em julho. Isso significa que, na comparação com o mês anterior, o indicador teve queda de 4,3%, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Para a entidade, o resultado demonstra que, mesmo encerrada, a greve dos caminhoneiros seguirá com impactos na economia.
- A paralisação não se restringiu a maio. O movimento revelou a fragilidade do governo de manter condições mais saudáveis de crescimento da economia. A palavra que resume a história toda é frustração - define o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
Entre as marcas deixadas pela greve, diz o analista, está o aumento em diferentes preços cobrados ao consumidor, como os de alimentos. O resultado é a inflação em patamar mais elevado, mesmo que dentro da meta do Banco Central (BC). Diante do cenário, a estimativa da CNC para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ao fim de 2018 foi reduzida de 2,8% para 1,6%.
- O horizonte para os próximos meses aponta que a confiança no comércio continuará sendo ajustada para baixo - projeta.
Nas fábricas, o cenário é similar. Em julho, o Icei - indicador que mede a confiança da indústria no país - até subiu 0,6 ponto, mas ficou longe de reverter a queda recorde de junho. Na ocasião, o retração foi de 5,9 pontos, em decorrência da greve dos caminhoneiros, aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Ainda ontem, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) também sublinhou que empresários do setor começaram o segundo semestre com desconfiança em relação à economia. O Icei-RS, calculado pela entidade gaúcha, teve leve alta de 0,3 ponto frente ao mês anterior. Com isso, chegou a 50,7 pontos, marca considerada como baixa pela Fiergs.
No setor, projeções mais otimistas são freadas por incertezas. Parte considerável das dúvidas decorre das eleições, que tendem a frear investimentos.