09 DE JULHO DE 2018
+ ECONOMIA
O MERCADO VAI QUINTUPLICAR
O caminho para os veículos elétricos e híbridos começa a ser pavimentado. Foi sancionado pelo Planalto o programa Rota 2030, com incentivos como a redução de IPI para os carros que utilizam energia limpa - chegava a 25% e agora ficará entre 7% e 20%. O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Guggisberg, elogia a decisão, mas diz que ainda é necessário cortar IPVA e ICMS.
O que esperar do mercado de veículos elétricos agora?
Foi um passo importante, mas há muito por fazer. Houve a correção de uma injustiça tributária, e não um verdadeiro incentivo. O governo limitou-se a equiparar o IPI dos veículos elétricos e híbridos ao dos comuns. Mas o presidente Temer está de parabéns. O mercado reagirá positivamente. Poderemos ter mais de 10 mil veículos elétricos e híbridos no país neste ano.
Em que mais é preciso avançar?
Governadores e prefeitos têm de fazer a sua parte, reduzindo impostos estaduais sobre os elétricos, como IPVA e ICMS. Prefeitos devem incentivar a eletromobilidade com isenção de rodízio e facilidades de estacionamento. Estimular leis municipais e regionais que obriguem a troca do diesel por combustíveis renováveis no transporte público e nas frotas de prestadores de serviços às prefeituras. E avançar na instalação de redes de eletropostos nas grandes cidades e nas principais rodovias.
Carros elétricos serão uma realidade no Brasil no curto prazo?
Vai acontecer o que houve nos últimos cinco anos em vários países da Europa e Ásia: crescimento exponencial. Em um par de anos, os carros elétricos farão parte da paisagem das grandes cidades brasileiras.
Em que nível está a produção?
Todos os elétricos e híbridos em circulação no país são importados. As montadoras aguardavam a definição do IPI e do Rota 2030 para planejar a produção aqui. Toyota, Nissan, GM e BYD já admitiram essa possibilidade. É cedo para avaliar a capacidade produtiva nos próximos anos. Depende de estratégias globais. Mas, no mercado de transporte público, as empresas instaladas no Brasil podem produzir ao menos 2 mil ônibus por ano.
E qual é a expectativa de mercado?
Em 2017, o mercado no Brasil triplicou em relação a 2016. Foram 3.296 unidades vendidas. Nos cinco primeiros meses de 2018, cresceu 65% em relação ao mesmo período de 2017. Se continuar nesse ritmo, 2018 passará das 5 mil unidades vendidas. Portanto, o mercado terá quintuplicado em apenas três anos.
Como avalia a dependência dos caminhões a diesel?
A paralisação dos caminhoneiros mostrou que essa dependência não é apenas econômica. O país quase entrou em colapso. Foi uma crise tão grave que não poderá mais ser ignorada por nenhum governo. Mudar a matriz de combustível dos transportes tornou-se questão de segurança nacional.
E os caminhões elétricos?
Essa solução está bem próxima. Em outubro, a Volkswagen anunciou o seu primeiro caminhão elétrico. O lançamento mundial foi na Alemanha, mas o veículo foi desenvolvido no Brasil. Em maio deste ano, a BYD fechou contrato com a Corpus para a compra de 200 caminhões de lixo totalmente elétricos para atender a região de Campinas (SP).
caio.cigana@zerohora.com.br - CAIO CIGANA