segunda-feira, 9 de julho de 2018


09 DE JULHO DE 2018
+ ECONOMIA

OS BRASILEIROS QUE ACHARAM A SAÍDA

A balbúrdia em que se transformou o Brasil, envolvido em uma crise que parece crônica, gera cada vez mais desesperança. E leva à decisão extrema de tentar recomeçar a vida no Exterior. A Receita Federal mostra que, neste ano, até o dia 19 de junho, cerca de 21,3 mil pessoas entregaram declaração definitiva de saída do Brasil, quase o mesmo número de 2017 inteiro (21,8 mil). É ainda 54% acima de todo 2015, quando já estávamos mergulhados na recessão e se iniciava a fase mais aguda da turbulência política. No Estado, os números crescem na mesma proporção. A decisão de deixar o país foi formalizada ao fisco por 382 contribuintes gaúchos até quase o final do primeiro semestre. Ao longo de 2017, foram 406.

A aceleração é percebida pela consultoria especializada em expatriação JBJ Partners, que opera principalmente entre São Paulo e Miami. Há média de 350 consultas mensais de brasileiros buscando informações sobre como emigrar. O volume é três vezes superior ao primeiro semestre de 2017. Instabilidade econômica, corrupção e violência são as principais razões apontadas por quem decidiu ser um desterrado.

Em regra, não são os remediados que querem abandonar o país, diz o sócio da JBJ Partners, Jorge Botrel. A maior parte vende o que tem no Brasil e tenta empreender no Exterior.

- Vem muita gente com dinheiro contado. Se o negócio der errado, tem de recomeçar do zero. São atitudes desesperadas de quem está decepcionado com o Brasil - nota Botrel, relatando casos de emigrados que optam por ganhar menos, mas ter melhor qualidade de vida e perspectivas para os filhos.

Pesquisa recente da consultoria apontou que, há quatro anos, 41% dos expatriados eram casados e 63% tinham filhos. Agora, os percentuais são de 68% e 83%. Ou seja, mais famílias inteiras partem para os EUA. Outro problema é a fuga de cérebros. A parcela com formação universitária ou pós-graduação passou de 83% para 93%. Sim, o Brasil tem saída.

Feriado limita efeito lula

O impacto das idas e vindas jurídicas em torno da soltura - ou manutenção da prisão - do ex-presidente Lula será sentido hoje de forma parcial pelo mercado financeiro. Como é feriado em São Paulo, não há pregão para ações e futuros, como o de câmbio. As negociações com dólar comercial, porém, seguem normais.

Não é segredo que o mercado prefere Lula fora do páreo e com a menor influência possível. Resta esperar o desfecho do imbróglio e consequências políticas no xadrez da corrida ao Planalto.

A Vulcabras Azaleia assinou na sexta-feira termo de intenção de compra da Under Armour Brasil. O negócio ainda depende da aprovação de órgãos de controle. A empresa é subsidiária de grupo americano voltado a linhas esportivas de vestuário, calçados e acessórios. Está há quatro anos no mercado brasileiro. O valor do negócio não foi revelado.

RICARDO GUGGISBERG

Presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)

CAIO CIGANA