quarta-feira, 27 de julho de 2022


27 DE JULHO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

VENTOS DO FUTURO

O papel de pioneirismo que o Rio Grande do Sul teve no desenvolvimento da energia eólica no país credencia o Estado a ser também um dos ponteiros no próximo passo na geração de eletricidade a partir da força do vento: a construção de complexos em alto-mar, como mostrou reportagem de Marcelo Gonzatto publicada ontem em Zero Hora. Além das condições naturais, há aqui boa infraestrutura para dar suporte aos futuros investimentos, mão de obra capacitada para o setor, indústrias que podem fornecer componentes e conhecimento acumulado na academia.

É uma surpresa positiva a informação de que, dos 54 empreendimentos do gênero hoje cadastrados no Ibama, 17 são previstos para a costa gaúcha. Apenas no Estado, seriam mais de 44 mil megawatts (MW) de capacidade instalada. Se apenas parte, nos próximos anos, sair das planilhas para se tornar realidade, já será um salto relevante a movimentar a economia, gerar empregos e assegurar segurança energética no Rio Grande do Sul. Há ainda, sabe-se, outros projetos pensados para a Lagoa dos Patos.

A geração de energia eólica offshore, mais desenvolvida em outros pontos do mundo, como na Europa, tem custos hoje bem superiores em relação aos projetos em terra firme. Mas essa diferença vem sendo reduzida. A experiência mostra que, quando há interesse em fazer uma matriz crescer, a tendência é de que fique mais competitiva. A energia solar no Brasil é um exemplo recente, com os desembolsos para instalação dos painéis ficando rapidamente mais em conta com o passar dos anos.

Espera-se agora que o regramento ambiental para a instalação dos empreendimentos amadureça, viabilizando os projetos, assegurando segurança jurídica aos empreendedores e, por óbvio, também garantindo a proteção aos ecossistemas costeiros do Estado. O mercado também terá de evoluir, e o governo federal deverá organizar leilões para a contratação da energia e a construção dos complexos. Em paralelo, é preciso planejar linhas de transmissão para escoar a produção até os consumidores.

O mundo tem, nas próximas décadas, o desafio de conter o ritmo do aquecimento global e a velocidade das mudanças atmosféricas capazes de gerar eventos climáticos extremos cada vez mais recorrentes. Para isso, terá de diminuir a dependência da energia de origem fóssil, e a eletricidade gerada pelo vento é uma das mais sustentáveis e viáveis à disposição.

Estima-se que os primeiros complexos no mar gaúcho possam entrar em operação por volta de 2030. Parece distante, mas não é. Basta lembrar que há apenas 16 anos era inaugurado em Osório, no Litoral Norte, o então maior parque eólico da América Latina. Foi quando o setor começou a aparecer, mesmo que de forma incipiente, nas estatísticas da matriz energética nacional. Hoje, os cata-ventos, espalhados por quase 800 complexos erguidos de norte a sul do Brasil, são responsáveis por 11% da capacidade instalada de produção de eletricidade no país.

OPINIÃO DA RBS

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