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12 DE JULHO DE 2022
NÍLSON SOUZA

Abraços e livros

Alguns frequentadores do campus da PUCRS, em Porto Alegre, foram surpreendidos na semana passada por abraços espontâneos de crianças de seis anos - uma aula prática de gentileza protagonizada pelos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Champagnat, orientados pela professora Clarissa Petersen. A bela iniciativa iluminou o dia dos abraçados e emocionou a todos que dela tiveram conhecimento. Nada pode ser mais eficaz para despertar afetividades adormecidas do que um abraço de criança.

Entrevistada, a professora explicou que seus alunos voltaram do isolamento causado pela pandemia com dificuldades de relacionamento. Então, a partir da leitura do livro Gentileza, de Alison Green, foram estimulados a praticar ações centradas na generosidade, na amizade e no afeto. Incorporaram de tal forma a ideia que, quando um deles sai da linha, logo outro lembra:

- Olha a gentileza!

O mundo certamente seria melhor se todos déssemos mais atenção a essa advertência. Um Mundo Melhor é exatamente o título do mesmo livro em Portugal, que também se chama Amables em espanhol, traduzido do original Kind, em inglês. Pesquisei sobre a obra que inspirou a professora Clarissa e percebi que é bem mais do que uma historinha infantil. Começa que o texto de Green está cercado de ilustrações feitas por 38 artistas de diferentes origens, que cederam gratuitamente suas obras à causa do acolhimento de refugiados em várias partes do mundo.

Alison Green Myers é uma escritora e educadora norte-americana, diretora de programa da Fundação Highlights e participante ativa da Society of Children?s Books Writers and Illustrators. Foi professora de sala de aula, instrutora de alfabetização e diretora de escola. Tem, portanto, currículo para tratar de temas pertinentes à educação infantil. Escritora premiada, vive numa floresta da Pensilvânia com sua família.

O livro alinha sugestões de fácil execução para crianças e também para adultos, como ouvir com atenção outras pessoas, segurar a mão de quem se sente assustado ou desprotegido, contar uma história para animar, incluir e cuidar, deixar passar na frente, ajudar, ser solidário e distribuir abraços. Acrescento mais uma: compartilhar a leitura de um bom livro como esse que inspirou a aula de gentileza, pois estou convencido de que o mundo só será melhor com mais bibliotecas e menos clubes de tiros.

NÍLSON SOUZA