sexta-feira, 15 de julho de 2022


15 DE JULHO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

PROTEÇÃO PARA OS PEQUENOS

Estudo publicado no final de junho mostrou que, nos dois primeiros anos da pandemia, a covid-19 foi a causa de duas mortes por dia de brasileiros menores de cinco anos. O levantamento, feito pelo Observatório da Primeira Infância e coordenado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforçou a necessidade de levar a vacinação contra a doença a mais faixas etárias de crianças. É preciso ampliar a proteção para este público hoje mais exposto ao vírus, também alargando na sociedade a barreira coletiva contra a circulação do SarsCoV-2, especialmente quando a preocupação com novas subvariantes aumenta.

Um passo nesse sentido foi dado na quarta-feira. A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da CoronaVac para crianças de três a cinco anos. O aval era esperado, dada a ampla disponibilidade de evidências científicas de que a utilização do imunizante tem vantagens que superam em muito qualquer risco. O fármaco, de origem chinesa e produzido localmente pelo Instituto Butantan, em São Paulo, já é empregado em crianças dessa idade em diversos países, além da própria China, como Chile e Colômbia, na América do Sul.

No Brasil, a CoronaVac foi a primeira vacina disponibilizada ao público e é usada na população a partir dos seis anos, com segurança e eficácia comprovadas, prevalecendo a uma nociva campanha de disseminação de informações falsas e suspeitas descabidas. Até hoje, nenhum caso fatal foi atribuído ao imunizante no país, ressaltaram os técnicos da Anvisa. Pelo contrário, colaborou de forma decisiva para a diminuição de casos, adoecimentos, hospitalizações e mortes.

Espera-se que pais e responsáveis continuem a depositar crédito na ciência e levem suas crianças para serem vacinadas, assim que possível. A doença é menos grave nos pequenos, mas, mesmo assim, além das mortes evitáveis que vem causando, tem deixado os médicos em alerta pelos sinais de covid longa também entre crianças e adolescentes.

É preciso solucionar, agora, a questão da oferta para potencialmente imunizar 5,9 milhões de meninos e meninas aptos, sendo cerca de 420 mil gaúchos. Por falta de demanda do Ministério da Saúde, o Butantan suspendeu a produção da CoronaVac. A fabricação deve ser retomada ou, então, será necessário recorrer à importação. Em relação aos trâmites burocráticos, aguarda-se a manifestação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), que avaliará os dados da Anvisa e fará a recomendação à pasta.

As informações preliminares indicam que, na CTAI, não haverá óbices. Assim, aguarda-se que não sejam criados, no ministério ou acima, obstáculos objetivos ou novas ondas de desinformação que atrasem ou atrapalhem a imunização de crianças de três a cinco anos. 

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