sábado, 4 de maio de 2024


04 DE MAIO DE 2024
CARTA DA EDITORA

CARTA DA EDITORA Relatos de uma tragédia

Na Carta anterior, eu havia anunciado a estreia, nesta edição, de uma nova Zero Hora para marcar os 60 anos do jornal. Porém, como afirma o editorial da RBS na página 22, o momento não é para celebrações e novidades, e sim de reforçar o nosso compromisso de informar, de estar ao lado da população do Rio Grande do Sul. Usarei este espaço para reproduzir alguns dos relatos dos nossos repórteres e comunicadores que estão acompanhando de perto a tragédia provocada pelas chuvas:

"Mais uma vez, foi preciso sair do estúdio, calçar as galochas e segurar a emoção para informar os gaúchos sobre uma tragédia climática. Agora, ainda pior? e, de novo, só buscar e transmitir notícias não bastou, foi preciso abraçar, consolar, dar forças e incentivar a fé em dias melhores."

"Participar de uma cobertura como esta é estar próxima ao lado mais vulnerável do ser humano. Uma das coisas que mais me marcaram até agora foi o relato de uma mulher de São Vendelino que perdeu um filho e o marido soterrados. A angústia e o sofrimento eram nítidos, ao mesmo tempo que projetava um futuro incerto e a assistência aos outros três filhos."

"Impressionou-me o choro das pessoas. A prefeita de Sinimbu chorou enquanto eu a entrevistava. O mesmo aconteceu com uma agricultora que viu as vaquinhas, todas com nome, serem levadas pela água. As vítimas não sabem como recomeçar a vida, não veem perspectiva. É uma tristeza sem fim."

"Em Candelária, o que mais dói é ver o drama daqueles que não possuem notícias de seus familiares, daqueles que permanecem de plantão no local onde pousa o helicóptero, esperando para que o resgate chegue até seus familiares. Uma cidade sitiada e clamando por ajuda, mas que encontra esperança na força do seu povo."

"Às vezes tenho a sensação de que o tempo parou. Nada que veio antes e nada que ainda virá parecem fazer sentido. Estamos vivendo um minuto após o outro. Tudo muda a todo momento! Nesse momento de tanta dor, só nos resta não perder a esperança de que um dia isso tudo vai passar. E essa tragédia vai ficar para a história."

"O pavor de ter testemunhado uma mulher sendo levada pelo Rio Pardo, a alegria de saber que ela se salvou, poder lhe dar um abraço depois e ver o empenho do trabalho de bombeiros voluntários, da comunidade e de autoridades foram as coisas que mais me marcaram nesta cobertura em Candelária."

Todos os conteúdos produzidos sobre as enchentes estão disponibilizados de forma gratuita em GZH. Reportagens, colunas, vídeos, alertas e a cobertura em tempo real do maior desastre climático da história do RS permanecem abertos a não assinantes.

DIONE KUHN

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