segunda-feira, 13 de maio de 2024


13 DE MAIO DE 2024
CHAMOU ATENÇÃO

Barracões viram abrigos

O barracão está iluminado e movimentado, mas o som que vem lá de dentro não é o do repique, do tamborim, do surdo ou dos demais naipes de uma bateria de escola de samba prestes a desfilar no Complexo Cultural do Porto Seco, na zona norte de Porto Alegre. O quesito que está valendo agora é o da solidariedade.

O galpão destinado à Unidos de Vila Isabel transformou-se em uma central de doações dos itens que as escolas de samba estão arrecadando. A maioria recebe os donativos nas próprias quadras, porém boa parte está com os endereços alagados.

No abre-alas da agremiação de Viamão, que há menos de três meses cruzava a passarela tendo o cantor Neguinho da Beija-Flor como homenageado, era possível perceber alimentos, material de higiene pessoal, fraldas, marmitas.

Em outro espaço, as roupas e os calçados já estavam todos separados por tamanhos. À frente de uma outra alegoria, cerca de 15 pessoas dormiam em colchões. Algumas crianças brincavam, curiosas, observando restos de fantasias que ainda estão armazenadas.

Para as duas ligas do Carnaval de Porto Alegre, o espaço não é adequado para acolher, de forma responsável, um número superior de pessoas:

- Aqui é uma fábrica, é um local insalubre, mas a gente conseguiu adaptar mesmo sem condições de manter. No máximo, 10 pessoas em cada barracão é o que dá. Não podemos, por exemplo, botar criança perto de cola de contato. Solicitamos à prefeitura que nos ajudasse com itens - explicou Kelly Ramos, presidente da União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UECGAPA).

André Nunes Santos, vicepresidente da UESPA (União das Escolas de Samba de Porto Alegre), acompanha os grupos desde o início do trabalho:

- Resgatamos famílias que estavam com muita dificuldade para sair de casa. E agora estamos auxiliando pessoas de seis comunidades do entorno.

O barracão de uma outra escola, a União da Vila do IAPI, vai receber 200 pets e sete cavalos também atingidos pelas enchentes. Mais adiante, o galpão do Império da Zona Norte abrirá os portões para itens como móveis, para o momento de os desabrigados retornarem às casas.

GUSTAVO GOSSENGUSTAVO.GOSSEN@RDGAUCHA.COM.BR

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