quinta-feira, 16 de maio de 2024


16 DE MAIO DE 2024
INFORME ESPECIAL

Chaplin que o diga "Cadê Meu Pet?"

Um dos tantos dramas pessoais e coletivos a assombrar o Rio Grande do Sul na tragédia climática é a separação entre tutores e animais de estimação. Muitos foram resgatados da enchente em momentos diferentes e ainda não conseguiram se reencontrar. Para ajudar na conexão, está no ar um perfil no Instragram chamado @meupetrs.

Batizada de "Cadê Meu Pet?", a iniciativa partiu da fotógrafa e social mídia Ana Carolina Teixeira, 24 anos, que mora na Capital e é apaixonada por cães.

- Desde o início, eu e a minha namorada estávamos ajudando nos abrigos, mas tivemos de voltar a trabalhar. Pensei, então, em encontrar uma outra forma de apoio. Como sou fotógrafa e trabalho com redes sociais, achei que poderia usar isso para ajudar os bichinhos. Foi assim que surgiu a ideia - conta Ana.

Com o auxílio da companheira, Kamila Ferreira, a profissional já captou cerca de 130 imagens (veja algumas delas ao lado) de mascotes acolhidos no Centro Humanístico Vida (Av. Baltazar de Oliveira Garcia, nº 2132).

As fotos estão postadas desde segunda-feira no Instagram, com uma descrição de cada peludo, para que os tutores vejam e possam buscá-los.

Ana planeja seguir fazendo fotografias todo os dias, em um abrigo diferente de Porto Alegre. A intenção é registrar todos os animais possíveis, não apenas cães, mais de todas as espécies.

Há 30 anos, o psicólogo Jaime Machado (foto) vestiu-se pela primeira vez de Carlitos. Desde então, o célebre personagem de Charles Chaplin não saiu mais dele - e agora está ajudando refugiados climáticos no RS.

Com as roupas e os trejeitos do famoso andarilho, Machado integra o exército de voluntários que tem levado ânimo e esperança a quem perdeu tudo. Ele vive em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana, e, no Dia das Mães, foi convidado a participar de uma ação em um abrigo na Escola de Ensino Fundamental Miguel Couto, no bairro Berto Círio, um dos mais atingidos no município.

Durante todo o dia, ele não disse uma palavra sequer: tal qual Carlitos, usou apenas gestos e expressões faciais para se comunicar.

- Encantou todo mundo, não só as crianças. Transformou o ambiente - conta a estudante de psicologia Luísa Castoldi, que organizou a atividade. Fazendo mímica, com uma dose reforçada de empatia, Machado ensinou a garotada a criar flores de papel. Simples assim.

- Pensei: o que eles vão dar para as mães, se perderam tudo? Levei guardanapos de casa e deu certo. O legal do Carlitos é que ele fala uma língua que todo mundo entende - diz Machado, que é natural de Joinville (SC) e adotou o RS como lar há nove anos.

Uma nova ação é planejada para o próximo fim de semana, no Parque de Eventos Olmiro Brandão, no centro do município. Dessa vez, os alvos serão voluntários da cidade, que também precisam de apoio.

A força dessas pessoas, de gente como Machado, Luísa e tantos outros anônimos, está provando na prática que, mesmo com pouco, a gente pode muito. Chaplin que o diga.

JULIANA BUBLITZ

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