quarta-feira, 1 de maio de 2024


A CATÁSTROFE E A MOBILIZAÇÃO

No momento em que o Rio Grande do Sul está sendo atingido por uma catástrofe climática sem precedentes em sua história, com volumosas precipitações pluviométricas em pouco tempo, cidades inundadas, habitações destruídas e tragédias humanas, mais uma vez o espírito de luta e de solidariedade do povo gaúcho aparece como fator de superação. 

Desta vez, as pessoas foram menos surpreendidas do que em setembro do ano passado, quando um ciclone atingiu o Vale do Taquari e provocou mortes e destruição. Nesta semana, graças aos alertas dos serviços meteorológicos, amplamente divulgados pelos meios de comunicação, e à mobilização rápida das autoridades e da Defesa Civil, muitas vidas estão sendo salvas.

Mas a tempestade ainda não passou. De acordo com os especialistas em clima, nas próximas horas o Estado ainda corre o risco de ser atingido por chuva intensa, vendaval, granizo e raios. Por conta desta anormalidade, em dezenas de municípios gaúchos, a população está sendo desalojada de suas casas e precisando de abrigo, alimentação e apoio. Portanto, a hora é de ação, de salvar vidas, e toda ajuda é bem-vinda.

Neste contexto de preocupações, serve de alento constatar que algumas lições de tormentas passadas parecem ter sido aprendidas. Algumas, inclusive, estão sendo bem aplicadas. Pelo que se sabe, em várias áreas de risco, as sirenes tocaram na madrugada, alertando os moradores sobre a subida repentina dos rios. Em outras, as autoridades municipais promoveram ações preventivas, retirando as pessoas de locais críticos e encaminhando-as para abrigos. 

Ao mesmo tempo, uma imensa rede de solidariedade começa a se formar nas comunidades, com vizinhos, amigos, parentes e até desconhecidos colocando-se à disposição para socorrer e dar proteção aos desabrigados. O Rio Grande da solidariedade é sempre mais forte do que seus percalços.

Porém, embora seja prematuro passar à próxima etapa quando esta ainda nem foi superada, cabe lembrar que nem todas as lições de desastres passados foram assimiladas. Uma delas é a dificuldade dos administradores públicos para evitar que habitações irregulares se instalem em áreas de risco. Os habitantes dessas áreas periféricas, que na maioria das vezes não têm outro lugar para morar, costumam ser os primeiras atingidos por alagamentos e deslizamentos de terra. 

Também é atribuição do poder público zelar pela infraestrutura das cidades e das estradas. Pontes que não resistem à correnteza, asfaltos que se desintegram, estradas interrompidas por pedras e árvores, esgotos que entopem, barragens que transbordam, tudo isso pode ser colocado na conta de gestores que se descuidaram da qualidade e da manutenção de suas obras.

Mas, neste momento de urgência, parece-nos mais adequado focar os acertos e as providências que estão sendo adotadas em vários pontos do Estado para atenuar o sofrimento da população atingida. Mais uma vez, os gaúchos estão sendo desafiados a lutar e a resistir. Bravura nunca nos faltou. Por isso, não é hora de apontar culpados nem de lamentar a má sorte. É, isto sim, mais uma oportunidade para o Rio Grande mostrar que sempre cresce na adversidade. 

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